Cidades

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Jural não morre, encanta!

05/09/2013 17h22 - Atualizado em 05/09/2013 17h22

Jural morreu! Como assim? Morreu? Eu nunca soube o nome da mãe, do pai, se tinha irmãos, tios e tias. Não que eu o considerasse alguém menos importante, pelo contrário, eu admirava o mundo de fantasia, a proximidade com todas as pessoas, a fala rápida...

O Jural para mim era um ser folclórico, uma daquelas personagens que todas as cidades têm, e que parecem que viverão para todo o sempre, mas o Jural assim como muitos personagens de nossa Literatura se foi... Eu prefiro entender que sua morte guarda em si uma pitada de poesia. O Jural viu sua vida se esvair as margens de nosso rio Tocantins, talvez porque assim como foi sua existência, será sua passagem para um plano que ainda desconhecemos, cheia de mistérios... O certo é que ele nunca será esquecido, os bons personagens se eternizam no tempo.

Certamente, não será feriado, ele não guardava a importância dos que se pensam grandes, mas muitos, ainda que não o digam, assim como eu, estão sentidos, parece que parte de nossa história se perdeu. Fica um vazio e a certeza de que não importa o que temos, mas a história que construímos, e a sua maneira, grande Jural, você deixou muitas linhas escritas, muitas gargalhadas soltas pelas ruas e praças de Pedro Afonso.

Guimarães Rosa, em sua fala permeada de neologismos já dizia que o ser humano não morre, se encanta, não sei se você vai virar estrela, não sei os seus caminhos, mas sem sombra de dúvidas meus netos ouvirão falar de você. Porque para além e acima de qualquer suposto defeito, você era constante, intenso, verdadeiro, se algum mal causastes, não foi ao teu próximo.

Os anos se sucederam, e o ideário popular nunca o esquecerá. Porque ao contrário dos nomes pomposos, você não guarda o lado obscuro da vida. Acredito que futuras gerações se perguntarão se você existiu, ou foi inventado... Caminhe, agora por outras terras, mas caminhe...
 

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