Augusto Rocha
Porfírio Bezerra da Conceição, 95 anos, natural de Riachão (MA), veio morar na Fazenda Bom Tempo, na zona rural de Pedro Afonso, junto com a família. Sendo o 13º dos 14 filhos de Firmino Bezerra, aprendeu logo cedo a lidar com o gado e a fazer todos os serviços necessários numa propriedade rural. “Na roça, eu trabalhei em toda coisa que tinha”, relembra.
Em 1942, Seu Porfírio se casou com dona Maria José Teixeira Soares. O casamento foi celebrado na fazenda por dom Alano Marie Du Noday, que viria a se tornar bispo de Porto Nacional. A partir do casamento, eles foram morar na Fazenda Buritirana. Da união, vieram dez filhos, dos quais oito estão vivos. Também nasceram 20 netos e 8 bisnetos.
Na fazenda, Seu Porfírio plantava mandioca, milho, arroz, feijão, fava, algodão, inhame e abóbora. Tudo era para a subsistência da família. E enquanto morava na zona rural, era ele que fazia às vezes de advogado por essas bandas. Com os conhecimentos que acumulou, ajudou muitas famílias a fazerem inventários.
Autodidata, seu Porfírio Bezerra frequentou a escola somente três meses. Foi o suficiente para aprender a ler, escrever e a fazer as operações matemáticas. Enquanto morava na fazenda, com a família, mantinha a assinatura de um jornal de Carolina (MA), já que, na época, não havia nenhum periódico em Pedro Afonso. “Quando cheguei aqui, Pedro Afonso era bem pequenininho. Era melhor só pra roça, naquele tempo”, contou.
Lembranças
Na segunda metade do século 20, Seu Porfírio conta que em Pedro Afonso havia diversos órgãos que não existem mais na cidade: a Coletoria Federal, Departamento da Fazenda, onde o então Norte Goiano prestava contas. Aqui também funcionava o Batalhão da Polícia Militar de Goiás, que comandava toda a atual região Norte do Tocantins.
Numa época de muitas dificuldades, Porfírio Bezerra viajava 23 dias para buscar sal para o gado, em Balsas (MA). No retorno, ele e os companheiros precisavam de mais 23 dias para retornar a Pedro Afonso. “Eu carregava sacas de 40 quilos de sal. Andava 80 léguas”, conta o ex-viajante que passava por caminhos tortuosos, cheios de curvas e perigos.
Seu Porfírio Bezerra conta que, na época do apogeu da aviação, em Pedro Afonso, havia uma charqueada. Nesse período, ele conduzia vários animais para o local. Um avião, segundo ele, carregava 60 bois abatidos e levava para Belém (PA).
Para seu Porfírio Bezerra, o ex-prefeito Ademar Amorim foi o melhor gestor público que a Prefeitura de Pedro Afonso já teve. “Foi o melhor prefeito de Pedro Afonso. Era muito meu amigo. Ele fez muitas obras. Fez a ponte do córrego Gameleira. Conheci também o Dr. Souza Porto. Era muito amigo do Ademar Amorim. Era um grande homem”, destacou o nonagenário.
No fim da década de 90, o casal se mudou para a cidade, a fim de melhor cuidar da saúde de dona Maria José. Em julho de 2002, seu Porfírio ficou viúvo. A companheira de seis décadas faleceu aos 76 anos, perto de completar 77. Ele então foi morar com a filha, Ivanildes, que também ficou viúva.
Ao fazer um retrospecto da história que presenciou de Pedro Afonso, seu Porfírio Bezerra é categórico em afirmar que a cidade se desenvolveu e hoje está bem diferente de quando chegou com os pais. “Tem melhorado muito. Melhorou demais”, concluiu.