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PEDRO AFONSO - 166 ANOS

Dona Eva: um olhar de quase 100 anos sobre Pedro Afonso

27/07/2013 08h44 - Atualizado em 04/04/2014 14h59
Dona Eva: um olhar de quase 100 anos sobre Pedro Afonso
Fred Alves

Augusto Rocha

Recontar os 166 anos de fundação de Pedro Afonso não é tarefa fácil. Parte da história está registrada em livros e documentos. A fim de fazer um resgate da vida da cidade, no início do século 20, a reportagem do site do jornal Centro-Norte Notícias foi às ruas e ouviu personagens quase centenários que vivenciaram um passado já distante, e foram testemunhas das transformações do município nas últimas décadas.

A pedroafonsina Eva Bezerra Lima nasceu no dia 3 de abril de 1914, na zona rural do município. Atualmente, com 99 anos, mora na Rua 26 de julho, 929, em Pedro Afonso. Antes de se mudar para a cidade, residia na Fazenda Bom Tempo, ou Sertão, como chama. “Morava no Sertão. Vinha pra cá de balsa. Era feita dos talos de buriti. A gente trazia farinha, arroz, coco. Trazia para vender e pra comer. Fazia o azeite de coco para vender. Naquele tempo, trazia (as mercadorias), mas demorava para vender. Naquela época, não tinha valor. Hoje, não. A pessoa vinha e dava qualquer preço. Eu limpava arroz no pilão. Fazia calo na mão da gente. Eu olhava muitas crianças”, afirmou a quase centenária.

Na roça, a rotina de dona Eva começava bem cedo. E quando não estava lidando com os afazeres da propriedade rural, aproveitava as horas de descanso para fiar. “Eu trabalhei na roça. Comecei limpando arroz, aos seis anos. Eu fiava. Começava de manhã bem cedo, capinando. Ia até o horário de almoço. Enquanto ia descansar ia fiar. Aprendi a fiar com uma sobrinha minha. Ela já morreu há muito tempo”, contou.

Dona Eva perdeu a mãe ainda na infância. Após a morte dela, foi morar com a madrinha. Por lá ficou até se casar, na Igreja Matriz de São Pedro. O casal se separou. Depois da separação, foi morar com um companheiro, na zona rural. Chegou a ter cinco partos, mas todos os bebês morreram. Enquanto morava na zona rural, conta que chegou a conhecer o ex-prefeito Ademar Amorim. “Era bom demais”, resume, ao falar do gestor.

Após a morte do companheiro, que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), que é também conhecido como Derrame, dona Eva aceitou o convite do irmão, Manoel Bezerra, e foi morar com ele, em 1985, na residência onde está até hoje, na Rua 26 de julho. “Eu morava lá sozinha e aí mudei aqui pra cá pra cidade”, confirmou.

Atualmente, dona Eva mora com um sobrinho e a mulher dele. A família é formada ainda pelo sobrinho-neto, a esposa deste e o filho do casal. E até hoje, ela faz questão de varrer e cuidar do quintal, para manter tudo limpo.

Satisfeita com o que vê

Hoje, ao presenciar o crescimento de Pedro Afonso, a quase centenária Eva Lima se diz muita satisfeita com o progresso que chegou à cidade. “Pra mim ficou muito bom. A cidade mudou de sorte. Era muito poeira. Acho muito bom. Hoje, está melhor”, comemorou.

Na família de dona Eva, as pessoas costumam viver mais de 90 anos. Para ela, um dos segredos da longevidade é fazer o bem aos outros. E é essa receita que ela dá às novas gerações. “Eu dou conselho para não fazer o ruim, fazer o bom, fazer o bem”, aconselha. “No meu tempo, as pessoas aproveitavam melhor a vida. Era uma vida mais direita, correta”, relembrou a já quase centenária, que passou a maior parte da vida, na zona rural de Pedro Afonso.

 

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