Fred Alves
Era noite do dia 27 de julho de 2019 quando o casal de agricultores familiares José Miguel Dama, 68 anos, e Maria Nazaré Barbosa Pereira Dama, 58 anos, e sua filha Ester Barbosa Dama, 21 anos, foram encontrado mortos na casa da família localizada na Fazenda São Pedro, próximo à Vila Mata Verde, a cerca de 60 quilômetros de Pedro Afonso.
Passados dois anos do crime bárbaro que chocou a região, parentes das vítimas ainda aguardam a solução do caso. “É um sentimento de impotência, de impunidade, pois agora, ao completar dos anos dos crimes, ainda não tivemos resposta concreta da parte do poder público”, contou Maria Rita Barbosa Pereira, irmã de Maria Nazaré Barbosa Pereira Dama e tia de Ester Barbosa Dama, que morava com a tia em Palmas (TO) desde os nove anos de idade e na época dos crimes passava férias com os pais, que viviam na propriedade rural há 20 anos.
Na entrevista ao Portal CNN, Maria Rita contou que membros da família acompanham as investigações e já estiveram em algumas ocasiões com o delegado responsável pelo caso, Bernardo José Rocha Pinto. “Falamos com o delegado em junho. Ele disse que o crime continua sendo investigado e a situação do local, que é isolado, dificulta a identificação dos criminosos”, relatou ao dizer em seguida que a família não tem nenhum suspeito de cometer os crimes e também não sabe a motivação. “Sempre conversamos muito, em especial com a Nazaré, e ela jamais comentou sobre nenhuma desavença que tivesse acontecido”, disse Maria Rita.
Maria Nazaré Barbosa Pereira Dama era natural de Pedro Afonso. Já seu esposo José Miguel Dama e a filha Ester Barbosa Dama nasceram, respectivamente, nas cidades goianas de Jataí e Goiânia.
O casal possuía uma casa na Vila Mata Verde, aonde ia quinzenalmente para participar de cultos, reuniões e consultas, e uma vez por mês os dois se dirigiam a Pedro Afonso para fazer compras.
A filha do casal morava em Palmas, estava prestes a concluir o curso de letras no Instituto Federal do Tocantins (IFTO) e como sempre fazia desde que mudou para a capital tocantinense, na época do crime, tinha vindo passar as férias na casa da família, que era evangélica.
Angústia e tristeza
“Eram pessoas alegres, amigas de todos e não tinham divergências com ninguém. Para as famílias os últimos meses têm sido muito tristes. Principalmente por saber que a vida dos três foi ceifada covardemente e, infelizmente, até hoje o(s) assassino(s) não foi(ram) identificado(s) e está/ão solto(s), sujeito(s) a cometer outros crimes. A violência tem aumentado em nosso país e são muitas as famílias que se tornam vítimas da criminalidade, mas é preciso lutar e acreditar na justiça. Não é possível que tantas pessoas percam a vida injustamente, enquanto o(s) assassino(s) permanece(m) solto(s) colocando as vidas de tantas outras pessoas em risco. São meses de impunidade, de falta de respostas e angustia. Muitos dias de sofrimento e saudade. Sem justiça e sem punição do(s) culpado(s)”, disse as famílias Barbosa e Dama em comunicado.
Para lembrar os dois anos das mortes e as memórias das vítimas, familiares vão realizar uma missa hoje, às 18 horas, na principal igreja católica Miracema do Tocantins.
Crime complexo
Ouvido pelo Portal CNN, o delegado Bernardo José Rocha Pinto assegurou que as investigações para solucionar os assassinatos continuam, com dezenas de pessoas já ouvidas, e que existe uma linha de autoria provável, mas pendente de confirmação e trata-se de um caso complexo. “É um crime de difícil resolução em razão de vários fatores tais como local ermo [isolado], corpos encontrados cerca de 48 horas após o crime e ausência de testemunhas presenciais”, detalhou o delegado.
Quem tiver informações que possam levar ao autor ou autores dos assassinatos podem ligar nos telefones (63) 3466- 2070/3466-2290 disponibilizados pela Polícia Civil.
O crime
Na noite do dia 27 de julho, após serem acionadas por moradores da região, equipes das Polícias Militar e Civil chegaram à Fazenda São Pedro Afonso,
José Miguel Dama foi encontrado na parte externa e as outras vítimas dentro da residência. Os três apresentavam hematomas e sangramentos nas cabeças. Os corpos estavam em avançado estado de decomposição e as mortes deviam ter ocorrido há pelo menos dois dias.
Após a realização da necropsia, o laudo dos peritos apontou que ambos foram a alvejados com tiros nas cabeças.
Conforme informações do 3º BPM, a casa estava com móveis revirados e vários objetos jogados no chão. Fora da moradia foram localizados itens como celular, bolsa, lanterna e facão, além de uma barra de ferro (alavanca) que estava dentro de uma caixa d’água.