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Pedro Afonso vacina apenas 17 de 73 indígenas, e DSEI-TO faz campanha para aumentar número

18/02/2021 11h23 - Atualizado em 24/02/2021 08h17
Pedro Afonso vacina apenas 17 de 73 indígenas, e DSEI-TO faz campanha para aumentar número
Foto ilustrativa. Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Gabriel Dias

A vacinação contra a Covid-19 no Tocantins começou no dia 18 de janeiro. Em evento no Laboratório Central do Estado (Lacen-TO), os primeiros tocantinenses receberam as primeiras doses da Coronavac. Entre eles, o primeiro indígena. José Ronaldo Xerente, que mora na aldeia Funil, em Tocantínia, recebeu a primeira dose do imunizante no evento que marcou o início da campanha de vacinação no Tocantins.

De acordo com o plano de vacinação apresentado pelo governo do Tocantins, a estimativa é que 7.488 indígenas que vivem em território tocantinense sejam vacinados. Segundo o documento, a vacinação é voltada para população “vivendo em terras indígenas com 18 anos ou mais atendidos pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASISUS)”. Porém, há relatos que muito indígenas têm recusado tomar o imunizante por .

Em Pedro Afonso, por exemplo, dos 73 indígenas que vivem em cinco aldeias de pequeno porte na região do município, apenas 17 foram vacinados. Esses são os dados apresentados pela Secretaria de Saúde da cidade, que também informou que a responsabilidade sobre a vacinação indígena é do Distrito Sanitário Especial Indígena do Tocantins (DSEI-TO), sendo o município apenas responsável por armazenar as doses que são fornecidas para atender os indígenas. A primeira etapa ocorreu entre os dias 3 e 5 de fevereiro.

A reportagem do Portal CNN conversou com uma das lideranças indígenas da região de Pedro Afonso. Sueli Warīdi Xerente conta que muitos indígenas estão com receio de tomar a vacina por conta de possíveis efeitos colaterais. Ela relatou que pessoas da sua própria família estavam com medo da vacina e afirmou que assim como tem pessoas nas cidades que não querem ser imunizadas, tem gente nas aldeias que não deseja tomar a vacina.

Isso, segundo ela, pode ser uma das razões do baixo número da vacinação até o momento. Ela também contou que esse não é o caso dela, que só não tomou a primeira dose ainda porque não estava presente no dia que as equipes foram nas aldeias.

Convencimento
O chefe da Divisão de Atenção à Saúde Indígena do DSEI Tocantins, Luscleide Nazareno Mota, explicou ao Portal CNN que não há falta de vacina destinadas para população indígena, que inclusive alguns municípios não retiraram o imunizante nos centros de distribuição em Araguaína e Palmas. Ele afirmou que existe sim um receio por parte de alguns indígenas em tomar a vacina, mas que campanhas de incentivo a vacinação estão sendo organizadas.

Mota explicou que uma das estratégias é mostrar durante a aplicação da segunda dose que quem tomou está bem e com isso convencer quem ainda não quis tomar o imunizante. Outro ponto que ele ressaltou é que no momento que a equipe chega muitos indígenas não estão no local e acabam não sendo vacinados.

Vacinômetro 
A Prefeitura de Pedro Afonso informou que até terça-feira, 16, o município recebeu 489 doses de duas vacinas diferentes, a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantã em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, e a vacina Oxford/AstraZeneca, que tem sido distribuída, até o momento, no país, pelo Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Ao todo 358 já foram aplicadas, sendo elas distribuídas nos grupos prioritários sendo 227 profissionais de saúde, 114 idosos e 17 indígenas.

Segundo a última atualização do Vacinômetro, plataforma do governo que mostra as doses recebidas e distribuídas no Tocantins, das 106.500 doses que o Estado já recebeu apenas 69.013 formam distribuídas aos municípios tocantinenses. Sendo que desse número, 29.144 pessoas tomaram a primeira dose e 295 já tomaram a segunda.

 

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