Política

EM BOLETIM DE OCORRÊNCIA

Ex-funcionária da Câmara de Pedro Afonso acusa presidente de assédio sexual; Mirleyson Soares nega e diz que mulher o acusa apenas por ter sido demitida

01/07/2020 11h49 - Atualizado em 01/07/2020 12h06

Gabriel Dias e Fred Alves 

Nesta terça-feira, 30, a ex-funcionária da Câmara Municipal de Pedro Afonso, Valdirene Alves Benício registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil de Pedro Afonso contra seu ex-patrão, o presidente da Casa de Leis, Mirleyson Soares (PDT). A mulher que trabalhava como chefe de gabinete do parlamentar alega em seu depoimento que sofreu retaliações por não aceitar sair com o vereador, que sempre a assediava com mensagens nas quais condicionava sua permanência no cargo só se “ficasse com ele”.

Valdirene conta no boletim de ocorrência que em abril deste ano chegou a ser demitida, após não aceitar um convite do então chefe para ir a Palmas e postar uma foto com seu namorado em uma rede social. Segundo ela, o convite era para saírem juntos na Capital e depois eles iriam para um motel, onde passariam a noite. A ex-funcionária diz que negou o convite, pois o parlamentar era casado e ela não queria se envolver em um triângulo amoroso. Alguns dias depois disso, o parlamentar viu uma postagem na internet em que a moça aparece com seu atual namorado.

Valdirene afirma que acabou demitida logo após esse ocorrido. Ela fala no boletim que a demissão, sem justificava profissional, veio através de um recado que o presidente mandou por outra funcionária da Casa de Leis.

A ex-funcionária, que trabalhava na Câmara Municipal de Pedro Afonso há oito anos e entrou por indicação do próprio parlamentar, então mostrou e enviou ao celular da funcionária que lhe levou o recado as conversas que tinha com Mirleyson. De acordo com o boletim de ocorrência, nesses diálogos o presidente da Câmara Municipal de Pedro Afonso assediava a sua funcionária com ameaças que se não ficasse com ele, a moça seria demitida do cargo.

Ao ter conhecimento dessas conversas, Mirleyson teria recuado e mantido a moça no cargo. Valdirene disse em depoimento que o vereador lhe chamou em sua sala e falou que aquilo não passou de um desentendimento e que ela ia seguir no cargo durante o período que ele estivesse na Casa de Leis. Ela afirma que o parlamentar ainda pediu sigilo e que a então funcionária não tornasse pública a situação.

Segunda demissão
O boletim aponta que na manhã desta terça-feira, o presidente chamou Valdirene em sua sala e disse que a moça não poderia continuar no trabalho, pois ela se relacionava com um adversário político do parlamentar. Em entrevista à reportagem do Portal CNN, por telefone, a ex-funcionária disse que já teve uma relação amorosa com o parlamentar, mas que na época os dois não tinham compromisso. Ela diz que mesmo depois de casado, as investidas de Mirleyson continuaram e isso passou a afetar o campo profissional. Segundo ela, todas as conversas estão salvas e é capaz de provar tudo que disse no boletim de ocorrência.

Vão ter que provar
Ao ser procurado para comentar o assunto, o vereador Mirleyson Soares respondeu a reportagem assim: “Fui na delegacia hoje [terça] à noite para relatar minha versão a respeito disso, mas infelizmente estava fechado, amanhã [quarta] cedo vou novamente. Mas adianto que quem postar ou publicar algo com relação a isso pagará seu preço, por que tudo que falam nesse boletim é mentira e vão ter que provar perante a justiça. Então acho bom primeiramente antes de publicar algo a respeito, saber de fato qual a realidade”.

Questionado se isso era uma ameaça à imprensa e a liberdade de expressão, o parlamentar respondeu “jamais”. E o que ele queria era espaço para expor seu lado e diz: “Essa moça que está me acusando, trabalhou durante oito anos na Câmara indicada por mim, o que eu sempre fiz foi ajudá-la, agora por que fui demitida está inventando coisas com meu nome.”

O parlamentar disse que por conta dessas acusações a moça será responsabilizada judicialmente. Ele ficou de enviar uma cópia do boletim de ocorrência que iria registrar nessa quarta-feira, 1º de julho, mas até o fechamento desta reportagem o documento não havia chegado.

O espaço segue aberto caso o vereador Mirleyson Soares deseje fazer uma nova manifestação sobre a denúncia apresentada pela ex-servidora.


 

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