Após mais de 36 horas de viagem, 64 estudantes tocantinenses que estavam em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, puderam finalmente retornar ao Estado do Tocantins. Eles cursam medicina no país vizinho e ficaram isolados em decorrência da pandemia da Covid-19, que afetou o mundo de forma impactante. Sem ter como sair e voltar para o Estado, os estudantes solicitaram ajuda ao Consulado Brasileiro, na Bolívia na tentativa de deixar aquele país.
O comboio chegou em Palmas nesta madruga e os estudantes foram levados direto ao Hospital Geral de Palmas (HGP) para realizar os testes da Covid-19. Com muita agilidade e presteza da equipe da Unidade Hospitalar, os testes foram concluídos em menos de 2 horas e nenhum dos estudantes ou membros das forças de segurança testou positivo para o novo coronavírus. Em seguida, uma parte dos estudantes que moram em outras cidades do Estado, como Araguaína, na região norte, embarcaram de volta nos ônibus e partiram para suas cidades de origem.
Ação integrada
O repatriamento dos estudantes foi definido pelo governador Mauro Carlesse em um plano estratégico e integrado de repatriação. O Governador levou em consideração a urgência da situação causada pelas incertezas da pandemia e também pelo crescente receio dos estudantes de estarem em outro país e longe de suas casas durante a pandemia.
Dessa maneira, após tratativas firmadas entre o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e o Governo Boliviano, o Governo do Tocantins foi autorizado a repatriar os estudantes tocantinenses que lá estavam. Desse modo, as forças de segurança do Estado, lideradas pela Polícia Civil, por meio do Grupo de Operações Táticas Especiais (Gote), sob o comando do delegado Rildo Barreira, bem como policiais militares da Casa Militar (Camil), coordenado pelo coronel Silva Neto, juntamente com outros órgãos da administração estadual, montaram um plano estratégico que foi colocado em prática no sentido de facilitar a volta dos estudantes ao Brasil.
Nesse sentido, uma equipe composta por nove policiais civis e militares, além de pessoal de apoio, num total de 14 pessoas dentre agentes das forças de segurança e motoristas do Estado seguiram para a cidade de Corumbá-MS, e na última segunda-feira, 27, após embarcar 64 estudantes de várias partes do Estado, partiram de volta ao Tocantins. No total, foram utilizados quatro ônibus, sendo dois da Secretaria da Educação, um da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, um da Secretaria da Segurança Pública e uma camioneta do GOTE para escolta.
Repercussão
Para a estudante de medicina Nayara Santos Bonfim Neto, de 30 anos que, juntamente com sua filha, Maria Eduarda Eduardo dos Santos Melo, de 11 anos e seu marido Wenderson Silva, de 28 anos, que também cursa medicina, voltararam ao Brasil, a ação do governo do Estado do Tocantins, com apoio das forças de segurança do Estado, foi de fundamental importância para ela e sua família pudessem retornar ao Tocantins e voltarem para sua casa, em Araguaína.
“Já estávamos na Bolívia, há cerca de cinco anos onde estou cursando medicina. Tanto eu como meu esposo estamos gratos por voltar ao Tocantins. Só temos a agradecer ao governo do Estado, pois desde o momento que atravessamos a fronteira da Bolívia com o Brasil, fomos muito bem recebidos e acolhidos pelos integrantes das forças de segurança do Estado, o que nos deixou tranquilos quanto ao nosso retorno”, ressaltou.
A estudante Maisa Macedo, de 23 anos, por sua vez, disse que voltar ao Brasil e ao Tocantins representa um grande alívio, pois tanto ela quanto os demais colegas estavam em situação difícil no pais vizinho. “Sinto muita gratidão ao governo e as forças de segurança, pois estávamos em uma expectativa muito grande na Bolívia. Também gostaria muito de agradecer aos policiais que cuidaram de nossa volta, bem como ao governador Mauro Carlesse, demais secretários e autoridades que não mediram esforços para que pudéssemos voltar ao nosso Estado com segurança”, ressaltou Maisa.
Testes Covid-19
Para o coordenador da missão e diretor do Grupo de Operações Táticas Especiais (GOTE), delegado Rildo Barreira, a ação de repatriação realizada pelo governo do Estado, através das forças de segurança, tem sido muito exitosa, uma vez que trata-se de uma ação humanitária. “Para nós é motivo de muita satisfação poder colaborar com os nossos jovens tocantinenses que estavam na Bolívia e que precisavam de nossa ajuda”, frisou o delegado.
A enfermeira Arlete Lopes, do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde, (CIEVS), da Secretaria de Estado da Saúde (SES), destacou a importância da realização dos testes nos estudantes que voltaram da Bolívia para e prevenir a disseminação da Covid-19. “São ações imediatas de controle que o Estado está ofertando a esses estudantes e sua famílias, bem como ao grupo de apoio das forças de segurança, quanto a prevenção e controle ao coronavírus. Nesse sentido, além dos testes, essas pessoas são orientadas quanto ao isolamento, e também são realizados testes rápidos, posteriores a fim de verificar se nesse período eles possam desenvolver a doença”, disse.
Ela também informou que todos os 64 estudantes testaram negativo para a Covid-19. “Ficamos mais tranquilos, mas independente desse resultado, eles devem se manter em quarentena por 14 dias, período este em que a doença pode se manifestar”, ressaltou a profissional de saúde.