Cidades

ESPERANÇA

Campanha busca realizar sonho de mãe que teve a filha roubada há mais de 20 anos

04/12/2019 09h08 - Atualizado em 16/12/2019 17h42

Henrique Lopes

“Eu nunca desisti da minha filha. As pessoas me chamavam de louca e tive depressão, mas nunca desisti. Foram muitos anos de distanciamento, lembrando dela, de como ela seria, o que estaria passando e sofrendo longe de mim”. O relato da cuidadora de idosos Maria de Fátima Moreira Lima, moradora de Pedro Afonso, é interrompido pelas lagrimas que molham as folhas da ocorrência registrada em 22 de junho de 1999.

A filha foi levada pelo ex-companheiro quando tinha apenas um ano e seis meses de vida. As duas moravam em Palmas (TO). Na época, o pai de Raylane Alves Lima, que atualmente tem 22 anos, pediu para um homem buscar a menina durante o período em que a mãe trabalhava, sumindo sem deixar pistas do paradeiro.

Desesperada, a cuidadora de idosos registrou boletins de ocorrências, queixas junto ao Conselho Tutelar, mas nunca obteve nenhuma resposta do paradeiro da filha até meados de 2015. “Uma babá olhava ela, quando cheguei ela me disse que um homem tinha ido buscá-la, afirmando ser o pai. Mostrei a foto e ela disse que não eram a mesma pessoa. Quase morri na época e comecei a busca pela minha filha”, contou emocionada.

Com a ajuda da justiça, por meio do juiz Milton Lamenha de Siqueira, que, em 2014, destinou o advogado Raimundo Ferreira dos Santos para ajudar a mulher a encontrar a filha, Maria de Fátima conseguiu localizar, em 2015, o paradeiro da jovem, na época com 18 anos, vivendo na cidade de Canaã dos Carajás, estado do Pará. “Orei muito e acreditei em Deus, contei com a ajuda dos meus pastores e também da Justiça. Minha filha não tinha documentos, o pai nunca tinha tirado para não ser localizada”, revelou.

O primeiro encontro com a filha aconteceu ainda no ano de 2015. Dentro de um carrao, Maria de Fátima ficou observando a casa onde a filha morava durante todo o dia, até que a menina apareceu e ela pode se apresentar. “Eu cheguei perguntando quem ela era, o nome do pai e da mãe. Ela disse que a mãe tinha morrido ainda quando era criança e que sempre viveu com pai e madrastas”, relatou Maria de Fátima.

Após revelar sua identidade para a filha, Maria de Fátima ficou sabendo da dura realidade e do sofrimento enquanto esteve longe da mãe. O dia a dia, semelhante ao vivenciado quando ainda era casado com o pai de Raylane, marcado por maus tratos, abandono afetivo e poucas condições financeiras, acompanhava a jovem que já havia passado por vários estados brasileiros e tido várias madrastas. “A situação que vi minha filha foi terrível. Eu não sou uma pessoa de posses, mas quero muito ajudá-la. Ela tem o sonho de estudar e o meu de ter ela ao meu lado, para vivermos aquilo que nos foi interrompido”, disse a cuidadora de idosos.

Desde então, a mãe tenta ajudar a jovem, que vive com o pai e três irmãos em situações de vulnerabilidade social. Agora, Maria de Fátima, que mora com o esposo e uma filha de 15 anos, busca formas de construir, na pequena casa localizada no Setor Aeroporto II, um quarto para receber a filha mais velha, que sonha com um futuro onde possa estudar e ajudar a família. “Eu não quero dinheiro ou nada do tipo, gostaria apenas de realizar esse sonho de mãe, de trazer a minha filha para perto de mim, pois para qualquer mãe os filhos nunca crescem, e ofertar um espaço onde ela pode ser feliz, pois atualmente não tenho condições de ajudar ela estando longe”, afirmou a mulher que receber R$ 300,00 por mês para cuidar de um idoso.

Realizando um sonho
Para realizar o sonho de Maria de Fátima, um grupo busca recursos e voluntários que possam auxiliar na construção do quarto e aquisição de móveis, além de mobilização para trazer a jovem até Pedro Afonso.

Doações podem ser feitas diretamente na residência de Maria de Fátima, localizada na Avenida Rio Tocantins, N° 614, no Setor Aeroporto II, ou por meio de telefone (63) 9 8446-6145 (Maria de Fátima).

Também são pontos de doações, a sede do Centro-Norte Notícias/Portal CNN, na Rua da Liberdade, n° 1268, Setor Bela Vista I, ou no Gabinete da Prefeitura de Pedro Afonso, na Rua Getúlio Vargas, n° 400, no centro.

Os doadores podem auxiliar com móveis usados para quarto (cômoda, mesa, cama), roupas e roupas de cama (lençóis, cobertores, toalhas) e material de construção (tijolos, telhas, areias, madeira, cimento), além de colaborarem em um mutirão que será organizado para construção do futuro quarto de Raylane.
 

VEJA TAMBÉM: