Henrique Lopes
Após a baixa repentina do nível do rio Tocantins, registrado na última semana, que chamou a atenção de moradores e especialistas, o Governo do Estado, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), divulgou nota sobre o caso.
No documento, o órgão justifica que a diminuição do volume de água foi decorrente de uma medida do Operador Nacional de Sistema (ONS). Segundo informações do ONS, responsável pela operacionalização da Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães, divulgada durante a 7° reunião da sala de crise em videoconferência com apoio da Agência Nacional de Águas (ANA), foi informado que dia 21 de novembro houve uma vazão de saída do reservatório fora dos padrões normais para esse período do ano onde foram liberados 1976 m³/s para geração de energia acima do que estava previsto.
Já sobre o ocorrido no dia 23 de novembro, data em que moradores publicaram fotos mostrando o rio com vários bancos de arreia que se formaram em vários pontos, a Semarh afirmou que as comportas da Usina de Lajeado foram fechadas para a recuperação do reservatório registrando uma vazão de entrada de 1.023 m³/s e liberando uma vazão de saída de 275m³/s.
“Em virtude disso houve uma baixa repentina no nível do rio Tocantins que foi percebido na região da cidade de Pedro Afonso. Ainda no dia 24 o registro da vazão de entrada no reservatório foi de 968 m³/s, liberando uma vazão de saída de 282 m³/s”, completou o documento.
Audiência pública
Na manhã da terça-feira, 03, foi realizada no plenarinho da Assembleia Legislativa uma audiência pública para debater sobre os usos múltiplos do Lago de Palmas. O objetivo foi discutir os impactos e buscar soluções para essa baixa abrupta no Rio Tocantins.
Alerta
Ainda sobre a repentina baixa do nível do Rio Tocantins, especialistas alertam sobre o impacto ambiental causado pela falta de chuva e o assoreamento do rio. De acordo o professor, biólogo e mestre em Ciências Ambientais e Saúde, Júlio Ibiabina, nos últimos anos o ecossistema cerrado vem sofrendo com um desmatamento desenfreado que está interferindo tanto na regularidade de chuvas, quanto na capacidade do solo de absorver e armazenar a água e devolvê-la para os rios. “Por este giro, a modificação do uso do solo tem alterado demais o ciclo da água e claro, faz com que tenhamos pouca água nos rios, comprometendo o período da piracema, pois o baixo nível do rio dificulta o acesso dos peixes para a reprodução”, declarou o professor.