Da Redação
Como já indicava os bastidores, a eleição da mesa diretora da Câmara de Pedro Afonso para o ano de 2020, realizada dia 6 de novembro, foi marcada por tensão e acusações graves por parte vereador Breno Alves (PRTB), que concorreu contra seu colega de partido, o atual presidente da Casa de Leis, Mirleyson Soares, reeleito por 7 votos a dois.
A sessão iniciada às 9h30 contou com presença dos nove parlamentares e já começou com clima pesado, quando, na abertura dos trabalhos, Breno Alves solicitou que Mirleyson Soares seguisse o regimento interno e colocasse o cargo à disposição do vereador mais antigo do parlamento, para que a sessão de eleição continuasse. A função foi assumida por Sipriano Soares (PSL).
Já em seu primeiro pronunciamento, o candidato derrotado alfinetou os parlamentares no que considerou ser um “cerco à sua candidatura”, alegando que os acordos realizados no início do mandato não foram cumpridos e que não teria apoio devido a sua amizade com um pré-candidato a prefeito de Pedro Afonso, que não citou o nome, mas a reportagem apurou se tratar do advogado e produtor rural Joaquim Pinheiro Filho, conhecido como Joaquinzinho.
“Vou mandar fazer um quadro e colocar na minha casa, para lembrar a índole de cada um aqui presente, após a votação”, atacou ao mostrar um documento assinado pelos parlamentares, ainda em 2017, que previa um acordo onde a cada ano um vereador assumisse a presidência da Câmara de Pedro Afonso. Conforme Breno Alves, o combinado era que ele comandasse o Legislativo pedroafonsino em 2020.
Acusação grave
Alegando ter sido traído, Breno Alves, que esteve inquieto durante toda a sessão, ainda acusou os colegas de bancada de articular, de forma ilícita, a reeleição de Mirleyson. “Poderia ser qualquer um outro, eu não estaria magoado pela situação que está acontecendo. Chegou até o meu gabinete, que tem vereador que recebeu dinheiro para apoiar a candidatura do atual presidente. De onde está saindo o dinheiro?”, indagou ao anunciar que solicitou a prestações e balancetes das gestões da Câmara de Pedro Afonso dos anos de 2017, 2018 e 2019.
O presidente reeleito retrucou os comentários. “É um direito de todos, qualquer vereador pode colocar o nome à disposição. Não venho aqui para denegrir a imagem de ninguém e sempre vou respeitar. Meu objetivo é trabalhar em prol de uma câmara melhor”, destacou em tom áspero.
Líder de governo, Lili Benício (PSC) questionou o posicionamento de Breno Alves e o acusou de falta de respeito com os legisladores e de tentar tumultuar a sessão. “O que deveria ter sido feito era tentar provar para esta Casa que tem equilíbrio e respeito para com os demais vereadores”, retrucou a parlamentar ao citar a falta de mais um integrante para que a chapa “Transparência e Honestidade”, encabeçada por Breno Alves, pudesse concorrer às eleições.
Já o vereador Gislayson Lacerda (PV) disse que a democracia deve ser preservada e ao se referir às insinuações de vantagens em troca de apoio, retrucou e disse que a régua usada para medir o parlamentar não é a mesma usada nele.
Se até o início da sessão os posicionamentos de alguns vereadores ainda eram incertos, as acusações de Breno Alves fizeram com que o cenário fosse definido de imediato. Ao fazer uso da palavra, Pedro Belarmino (PTB) alfinetou ao dizer que não se deve burlar situações que Breno Alves não poderia resolver. “Está querendo colocar em cheque o meu mandato de 2017, dizendo que vereadores receberam dinheiro. Nesta eleição, recebi proposta e não aceitei, pois eu poderia muito bem não votar no Mirleyson, mas devemos ser honestos e justos”, argumentou. A reportagem do Portal CNN questionou o petebista de onde partiram as “propostas não republicanas”, como chamou, mas ele se limitou a dizer que “não daria nome aos bois”.
Logo depois, Sipriano (PSL) disse que Breno Alves perdeu o espaço político para ele mesmo. “O presidente não administra sozinho e eu não vou tumultuar uma gestão”, declarou ao dar apoio a Mirleyson Soares.
Já os vereadores Meneses (PR) e Gordo Lava-Jato (DEM), mesmo diante dos ataques disparados, não comentaram as acusações.
Chapa incompleta
Antes de a votação ocorrer, os parlamentares aprovaram, por unanimidade, a composição da chapa “Transparência e Honestidade”, medida necessária, pois o regimento interno da Câmara Municipal, para ser homologada a chapa, formada pelo vereador Breno Alves e Joilson Boca Preta, precisaria ter um candidato a vice-presidente.
Sete votos a dois
O bate boca entre vereadores terminou após a finalização da votação, que elegeu, por sete votos a dois, a chapa “União pela Estabilidade”, composta pelos parlamentares Mirleyson Soares (presidente), Luiz Menses (vice-presidente), Gislayson Lacerda (1º secretário), Gordo Lava Jato (2º secretário) e Lili Benício (tesoureira).
Além do seu voto, Breno Alves teve apenas o voto de Joilson Boca Preta (PEN), que concorreu como secretário. O parlamentar revelou não ter participado da reunião onde as indicações para a mesa diretora foram acordadas, ainda no início de 2017, mas que teria dado a sua palavra de apoio e estava ali para cumpri-la.