Segurança e Justiça

INSEGURANÇA NO CAMPO

Onda de furtos atinge propriedades rurais de Pedro Afonso e cidades de outras regiões

25/01/2019 11h41 - Atualizado em 25/01/2019 12h22

Prejuízos chegam a mais de 200 mil em uma única propriedade alvo dos criminosos

Não basta a preocupação com o clima, a concorrência no mercado agrícola e o alto custo de insumos produtores rurais de Pedro Afonso e região, agora, temem também pela segurança.

Com a produção de grãos em constante expansão, o investimento em tecnologias e na compra de maquinários e produtos que ultrapassam milhões de reais, os produtores rurais estão sendo o novo alvo dos criminosos, que atuam de forma organizada em furtos de insumos e defensivos agrícolas, além de equipamentos tecnológicos.

Apenas nos últimos dois meses de 2018, época do final do plantio da safra 2018/2019, foram registrados cinco furtos em propriedades na região centro-norte do estado, de acordo dados da Polícia Civil de Pedro Afonso.

O número torna-se maior levando em consideração outras regiões onde o agronegócio é a principal atividade econômica. Segundo o presidente da Cooperativa Agroindustrial do Tocantins (Coapa), Ricardo Khouri, diversas propriedades tem sido vitimadas pela ação dos criminosos. “Nos últimos 30 dias, já temos notícias de cinco furtos na nossa microrregião e temos também notícias desse crime na região do Vale do Araguaia, nas cidades de Marianópolis e Caseara, em Porto Nacional e em municípios que fazem fronteira com o estado do Maranhão”, relata Khouri.

Preocupado, o presidente da Coapa releva ainda que no Tocantins os criminosos estão encontrando uma possibilidade de êxito muito grande. “Até o momento não foram identificadas essas quadrilhas, que são organizadas. É preciso investimento na inteligência do processo investigativo. Eu queria alertar as autoridades da segurança pública do Tocantins para que deem uma atenção especial a esta demanda, pois é um problema que se apresenta e temos que atacar”, disse o produtor que também teve a sua fazenda, em Pedro Afonso, invadida por criminosos que levaram defensivos agrícolas e acessórios de máquinas, avaliados em aproximadamente R$ 220 mil.

Ainda de acordo Khouri até o momento não há posicionamento tanto do Executivo Estadual ou dos secretários de Segurança Pública ou Agricultura, sobre a situação, apenas o apoio das Polícias Civil e Militar. “Temos contado com os delegados, investigadores, mas eles precisam de infraestrutura, seja com uma patrulha rural, aumento de efetivo. Alguma coisa deve ser feita para que as ações não afugentem os produtores, pois haverá um desestímulo ao produtor rural que vem para o Tocantins de adotar tecnologia de ponta e adquirir equipamentos que propiciam a agricultura de precisão”, descreve Ricardo ressaltando que o cenário é de bastante insegurança.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Tocantins (Aprosoja-TO), Maurício Buffon, descreve o cenário como preocupante. “Temos acompanhado de perto esses casos, quase toda semana são produtores sendo vítimas desses crimes. Os produtores estão sendo furtados e ninguém está indo atrás. É uma situação bastante complicada”, alega.

Buffon também informou que já esteve com representantes da Segurança Pública do estado, mas que até o momento não houve uma resposta para as demandas dos produtores. “Queremos que a segurança do estado entre em ação para prender essas quadrilhas, pois com a impunidade esses furtos estão crescendo”.

O representante de uma das maiores associações agrícolas do país afirma ainda que é preciso que produtores não comprem produtos de origem duvidosa e que denunciem quem vende equipamentos, defensivos e insumos de forma clandestina. “Hoje, o produtor que compra com um valor menor pode ser beneficiado e amanhã será a vítima”, completa.

Investigações em sigilo

O delegado Bernardo José Rocha Pinto, que atua na delegacia de Polícia Civil de Pedro Afonso, afirma que a Polícia Civil, por meio do setor de inteligência, investiga a atuação dos criminosos nas propriedades rurais, mas que as informações sobre os casos registrados são sigilosas. 

Sobre ao aumento da criminalidade no campo, Bernardo revela que é difícil atribuir fatores específicos, mas revela que ausência de policiamento com um dos agravantes. “Talvez por serem áreas rurais, onde, em tese, há um menor policiamento. Os objetos furtados também tem grande valor e são facilmente revendidos”, frisa o delegado.

Sem respostas

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Tocantins disse apenas que não possui dados específicos quanto os registros de furtos as propriedades rurais e nem quais providências estão sendo tomadas para combater esse tipo de crime.

Já a Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (Seagro) foi procurada pela equipe do Portal CNN, mas até o fechamento desta matéria não se posicionou sobre o problema.

 

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