Durante muito tempo as Unidades de Terapia Intensiva foram locais onde o paciente era mantido isolado até a recuperação. Mas nos últimos 10 anos o cenário mudou e vários exemplos demonstram que a presença de familiares auxilia diretamente na melhora do enfermo. Em Palmas, a Intensicare, gestora de UTI’s em todo o país, adotou desde o início de sua implantação a proposta de uma estrutura diferenciada para um ambiente de terapia intensiva e tem, cada vez mais, priorizado a união entre a família e o paciente.
Conforme o mestre e especialista em psicologia hospitalar, Ricardo Werner Sebastiani, o cuidado psicológico está ligado diretamente à eficácia do tratamento físico e deve ter prioridade. Esse cuidado deve ser designado para minimizar o estresse e o impacto das doenças e seu tratamento.
A psicóloga das UTIs da Intensicare no IOP, Mônica Ferreira Milhomem revela que para os pacientes de UTI, que são graves e precisam de monitoramento 24 horas por dia, o horário de visitas é mais que sagrado e de grande importância. “Quando recebemos um paciente na UTI, nós orientamos a família para que todos possam entender melhor a doença do seu ente querido, o tratamento, para que possam colaborar de forma positiva para a recuperação dele. Procuramos viabilizar o encontro diário do paciente com a família sempre de forma humanizada, priorizando o acolhimento, porque se acolhemos melhor a família e o paciente estaremos oferecendo a eles condições melhores de vivenciar esse processo e de estarem prontos para quando a pessoa receber alta. A ideia de humanizar a UTI é pensando justamente em evitar ou diminuir as sequelas emocionais desse momento difícil vivenciado, oferecendo uma melhor qualidade de recuperação”, explica.
A hospitalização em UTI pode ser um momento que desestabiliza física e emocionalmente toda a família, que sofre junto e precisa aprender com a ausência do membro doente, a viver com a interrupção momentânea da rotina familiar. Assim, os envolvidos no processo de internação na UTI convivem constantemente com sentimentos de tensão, estresse, ansiedade, medo, conforme explica a psicóloga. “Quando percebemos que o paciente começa a ficar triste ou a família a ficar desmotivada, nós realizamos uma visita estendida, para que todos possam ficar mais tempo juntos, realizamos passeios com os pacientes que tem condições de deixar o leito por algum tempo, assim eles podem estar com um maior número de familiares ao mesmo tempo, já que a visita dentro da UTI é de duas pessoas por vez em cada leito. Realizamos várias ações para aproximar a pessoa internada aos seus entes queridos”, diz Mônica.
Ainda conforme a psicóloga, os desconfortos e medos vivenciados pelas famílias são minimizados pela equipe multiprofissional da UTI com uma comunicação acolhedora e solidária, com informações realistas e claras sobre as decisões terapêuticas para o paciente, mantendo o diálogo aberto, o que influencia diretamente no emocional do paciente e dos familiares.
Cuidar é essencial
Na UTI tudo é intenso: o tratamento, as emoções, o trabalho, a esperança. É o lugar onde se faz necessário criar canais de escoamento dessas intensidades e embora o foco primário de atendimento seja o paciente, é preciso também acolher a equipe e os familiares. “Quando o paciente chega à UTI ele se torna um membro da família para todos da equipe, e a família dele também se torna nosso paciente, e nós temos esse dever e o prazer de cuidar, acolher e confortar os familiares das pessoas internadas”, garante Mônica. (Da Assessoria)