Henrique Lopes
No ano em que Pedro Afonso completa 170 anos, o IV Concurso de Redação, Educação e Jornalismo: Cristo Rei e Centro-Norte Notícias buscou resgatar, através dos textos elaborados pelos alunos, a história do município.
Segundo a aluna Nathalia de Oliveira, do 2° Ano 4, o concurso possibilitou uma visão maior sobre a história do município, além de ajudá-la a melhorar o desempenho escolar. “É um orgulho ver o nosso esforço em pesquisar a história de Pedro Afonso ter resultado isso me deixa muito feliz, pois estamos contando um pouco a história do nosso município”, destacou.
Já o estudante Daniel Ferreira Galvão, do 3° Ano 6, afirma que muito além de uma premiação, o reconhecimento pelo esforço é a grande homenagem que os alunos podem receber. “Não ganhamos só um bem material, mas o reconhecimento que podemos chegar em qualquer lugar através da educação. E que a leitura é um dos caminhos que nos garantirá sucesso em diversas áreas”.
Vencedora da melhor redação inscrita no concurso, a aluna Mylena Costa Leitão, do 2° Ano 1, disse ter sido uma honra muito grande ser uma das vencedores. “Isso nos deixa feliz e nos mostra que a dedicação ao estudo é o melhor caminho”, afirmou Milena.
Confira abaixo as melhores redações premiadas:
CATEGORIA NARRAÇÃO (1º ANO)
1º Lugar: Eurides Silva Correia, do 1° Ano 2
PRAÇA ECOLÓGICA DE PEDRO AFONSO
A cidade de Pedro Afonso obteve uma grande evolução. O professor Fabrício Rocha teve a iniciativa de reunir crianças e adolescentes para transformar um depósito de lixo em uma praça. O mais surpreendente é que eles fizeram tudo com materiais reciclados.
No dia 28 de novembro de 2016 foi inaugurado o local, feito com 10 mil garrafas pets e 500 pneus. Ela ganhou destaque por ser a maior praça ecológica do Brasil e se tornou um ponto turístico, onde pessoas de todos os lugares podem apreciar a beleza do local.
Ao todo foram mais de 100 ajudantes na construção: voluntários das escolas municipais e estaduais, das igrejas e a prefeitura, todos com o mesmo propósito de reciclar e preservar o meio ambiente.
Foram 4 anos de muito trabalho que, no final, teve um resultado maravilhoso. Eu já tive o prazer de conhecer aquela linda praça e fiquei muito surpresa com o que vi. Não imaginava que do lixo poderiam ser feitas tantas coisas bonitas. Não só este professor está de parabéns, mas também todos aqueles que ajudaram na construção do lugar.
2º Lugar: Gabrielly Evangelina Bezerra, do 1º Ano 4
A LIBERTAÇÃO DOS JEGUES
Há registros históricos de que em Pedro Afonso não havia água encanada, as pessoas pegavam água no Rio Sono ou faziam poços artesianos nos quintais de suas casas.
Quem tinha condição, pagava o serviço de transporte dos jegues e quem não tinha, buscava água pessoalmente no rio. Quanto às roupas, eram lavadas lá mesmo ou no ribeirão, que se encontra na entrada cidade. Porém, não enche mais como antes, em conseqüência do desmatamento e descuido das pessoas ao jogarem lixo, entulhos, etc.
Com o passar do tempo, essa água direta do rio, foi causando doenças na população pedroafonsina. Devido a isso, a cidade passou a ter água encanada, pois perfuraram um poço artesiano.
Mas, segundo relatos de antigos moradores, a água não servia para cozinhar, beber e lavar louças em razão ser salobra e deixar a louça com o aspecto gorduroso e sujo.
Tempos depois a situação foi resolvida, as casas de Pedro Afonso passaram a receber água encanada do Rio Sono, só que agora tratada, filtrada e finalmente houve a Libertação dos Jegues.
3º Lugar - Karina Mariano Bernardes, do 1° Ano 1
A HISTORIA DA ÁGUA EM PEDRO AFONSO
É do Príncipe D. Pedro Afonso de Orleans e Bragança que originou o nome da cidade de Pedro Afonso, a qual se encontra na divisão dos rios Tocantins e Sono.
Pedro Afonso era até inicio do século XIX, habitado pelos índios, com destaque para os Krahôs e conhecida por Travessia dos Gentios, em virtude das inúmeras expedições que tinham nesse trajeto.
Os habitantes daquela cidade começaram a ter necessidade de um meio de abastecimento de água, o que tinham mais próximo era feito com jegues, então foi o que eles usaram em 1956. Um homem conhecido como senhor Josias, relata que por muitos motivos, como jegues doentes, decidiu-se que os moradores deveriam libertar os animais. Logo, sem muita discórdia, todos aderiram a regra.
Não durou muito tempo e as pessoas perceberam que pegar água diretamente do rio estava trazendo doenças. Para tentar resolver esse problema fizeram a perfuração de um poço artesiano, e as pessoas teriam água encanada, entretanto essa água não poderia ser usada para benefícios pessoais como cozinhar, beber ou tomar banho, pois nela tinha salitro uma substância que faz mal.
Com o tempo eles conseguiram pensar em uma idéia melhor para que a água fosse filtrada, então eles deram início ao SISAPA- Sistema de Saneamento de Pedro Afonso, que fornece água filtrada pelos canos, utilizando a água do Rio Sono, facilitando bastante aos moradores a utilização da mesma.
CATEGORIA MEMÓRIAS (2º ANO)
1º Lugar - Mylena Costa Leitão, do 2° Ano 1
ÁGUAS PASSADAS
Sentada na varanda de casa, sinto um vento forte bater em meu rosto enrugado, e com ele, um cheiro forte de fumaça entra pelas minhas narinas. O que me faz recordar de tempos bem diferentes, o tempo em que eu era apenas uma criança.
Meu paraíso se encontrava em Pedro Afonso, uma pequena cidade ribeirinha, tranquila, cercada pela natureza. Era muito comum ver vários pássaros no céu e a criançada brincava nas ruas sem nenhuma preocupação, uma época em que ser criança, tinha muito mais sabor.
Me lembro bem dos pelos e olhar de tristeza dos jegues, que por um longo período foram usados para carregar água de um dos rios da cidade até as residências dos moradores que podiam pagar pelo serviço de transporte. Minha família, como a maioria na cidade, não tinha como pagar, então subíamos e descíamos a ladeira do Rio Sono, para ter acesso a água. Todas as tardes íamos tomar o nosso banho, como eu amava aquele rio, sempre que o via me dava uma enorme felicidade.
Mas a água do rio que eu tanto gostava começou a causar doenças na população. O que fez com que fosse perfurado um poço artesiano, e com isso, os jegues foram substituídos por encanações, o que me deixou feliz. Infelizmente, mesmo com a mudança no fornecimento de água, ela ainda não era adequada para beber, lavar ou cozinhar, pois a água era salgada. Por esse motivo as águas correntes do Rio Sono voltaram às casas, só que dessa vez pelos canos.
Com 84 anos vividos, sou uma das pessoas mais velhas da sociedade pedroafonsina, sinto uma saudade imensa daquelas águas, da extensa natureza, porque hoje aquilo tudo se transformou em um vasto deserto. Água? Mal tem para beber. Pago até pelo ar que respiro, a pele das pessoas mais jovens todas enrugadas, as poucas fontes de água que restam são fortemente vigiadas pelo Exército. Como eu queria voltar no tempo, fazer tudo diferente, e poder me despedir das águas pedroafonsinas, pois o que me resta são só lembranças.
2º Lugar - Marielly Sousa Carvalho,do 2° Ano 3
SAUDADES DO TEMPO DE MENINA
Havia uma cidadezinha pequena e tranqüila, onde não havia roubo ou violência. A calmaria tomava conta das ruas, dos olhares, do todo que existia. Eu como sempre, não temia a nada, apenas uma garotinha muito corajosa e batalhadora. Sempre ajudava meus pais em tudo, principalmente quando íamos para a roça. Uma cidade cheia de pessoas finas e educadas, é esse o retrato que habita minha memória.
Por onde eu passava, todos me cumprimentavam, até pessoas que eu não conhecia. Uma época em que tudo era barato se comparado a hoje, mas achávamos caro porque nossas condições não eram boas, porém, fazíamos de tudo para conseguir nosso próprio dinheiro. A gente vendia leite, milho, melancia...
Minha mãe também adorava fazer bolo de milho e mandioca para vendermos, e o que sobrava era para o café da manhã. Casas na cidade? Ah! Quase não havia. Lembro-me do dia em que eu e minhas irmãs deixamos de vender as coisas e fomos banhar no Rio Sono. Nossa! Como eu amava banhar naquele rio, e ainda amo. Eu até gostava de lavar roupas, sabe por quê? Porque íamos lavar as roupas três vezes por semana naquele rio, e depois a gente banhava e brincava à tarde inteirinha lá. As águas do rio Sono banhavam bem mais que meu corpo, desnudavam minha alma de toda e qualquer tristeza.
Hoje me recordo desse momento com imensa saudade. Esse é um pedacinho da minha existência . Sou Maria Aparecida Rocha, vivo em Pedro Afonso há muitos anos. Uma cidade maravilhosa! Hoje vejo minha vida inteira como uma vitória. Os prêmios? A saúde, minha família e principalmente minha filha, maiores acontecimentos da minha história.
3º Lugar - Nathalia de Oliveira, do 2° Ano 4
LEMBRANÇAS QUE O VENTO SOPROU
Sento-me na porta de casa como faço todos os dias, observo as pessoas, a rua e o vai e vem incansável dos carros. Em um breve momento sinto uma leve brisa refrescar meu rosto e trazer consigo recordações do que já fora a realidade de Pedro Afonso, o que antes era realidade hoje torna-se saudade e lembranças de um tempo esquecido, porém vivido.
Nasci e cresci entre duas verdadeiras fontes de vida, Rio Sono e Rio Tocantins, e foram essas mesmas águas que outrora transbordavam os galões que em seguida seriam agitados sobre os jegues e guiados até nossas simples e humildes casas feitas de pau a pique, e era assim, sem luxo ou riqueza éramos donos do maior dos tesouros: a felicidade.
Ainda hoje consigo recordar de quando ia tomar banho no rio todas às tardes quando eu e meu pai íamos buscar água, e era ali naquelas limpas e profundas águas o meu local de diversão, passava horas mergulhando e nadando, e vez ou outra avistando as balsas que faziam a travessias dos gados e pessoas pelo rio, quando não existia ponte aqui.
Recordo também do sabor das apetitosas mangas, jabuticabas e carambolas que adoçavam as longas e bem aproveitadas tardes, brincava e corria tentando derrubar as frutas embaixo da sombra que a copa das belas e frutíferas árvores proporcionavam, ou mesmo tentava subir nas árvores para apanhar as frutas, o que para mim era uma verdadeira aventura. Também era ali mesmo que depois de correr pelo quintal, sentava no chão, embaixo de uma sombra, fechava os olhos e podia sentir a brisa que soprava meu rosto e brincava com meus cabelos, é a mesma que senti agora a pouco e que trouxe de volta o meu tempo, feliz tempo.
Vejo hoje o quanto Pedro Afonso cresceu e mudou, se tornando uma cidade turística, mas permanente em suas belas paisagens, que já foram cenário para uma simples e memorável infância, a minha infância.
CATEGORIA DISSERTAÇÃO (3º ANO)
1º Lugar - Daniel Ferreira Galvão, do 3° Ano 6
CIDADE PACATA
Ao longo de uma vida constrói-se muitas histórias, e também não é diferente a vida de uma cidade que apesar de estar com seus 170 anos com majestosos fatos e relatos, não perdeu sua calma e pacata vida de interior.
A tranquila “Travessia dos Gentios”, hoje Pedro Afonso, em meados de 1845 recebia em suas terras o reverendo e fundador da cidade Frei Rafael de Taggia, com a missão de catequizar os índios.
Com a chegada do Frei a pacata cidade teve um grande avanço econômico e social com o passar do tempo. Prova do mencionado, foi a famosa Febre da Borracha em 1910, a construção da ponte sobre o Rio Sono, a chegada de empresas e indústrias. Tudo isso, no entanto, não foi capaz de retirar a tranquilidade do município, prova disso que em seus 170 anos as pessoas ainda sentam em frente suas casas para dialogar. A tecnologia e o turismo não foram capazes de fazer com que a cidade perdesse suas raízes como: festejos religiosos e culturais.
Enfim, os 15 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vivem uma vida quieta e sossegada, pois não haveria tal quantidade de pessoas se o povo não fosse igualmente à cidade: pacato. A cidade cresce, mas de maneira calma e ordenada.
2º Lugar - Thayane Priscila Araújo Barreto, do 3° Ano 1
PEDRO AFONSO E SUAS RIQUEZAS
Uma cidade em meio a dois rios e que, portanto, tem vastas riquezas tanto hídricas, quanto sua terra fértil, e um lado turístico efervescente. Tendo ainda em sua história uma fundação para catequizar os índios Khaô.
Frei Rafael de Taggia, fundador da cidade,e se inspirou no Príncipe D. Pedro Afonso de Orleans e Bragança para originar o nome desta urbe, que já teve uma das maiores aldeias dos índios Khaô e um dos maiores fatores do progresso pedroafonsino que foi a Febre da Borracha do Araguaia, datada de 1910.
Após 170 anos de sua fundação, seu crescimento contínuo vem pelo impulso do agronegócio na cidade, menciona-se ainda que tem um grande atrativo turístico quando chega o tempo da seca, pois bancos de areia se formam em meio aos rios trazendo vários turistas no mês de julho. Fator esse que agrega valor ao comércio local, pois traz um número grande de uma população flutuante.
Uma cidade linda, próspera e turística é Pedro Afonso que deve ser cuidada, amada e valorizada para que se possa usufruir de suas lindas paisagens por mais 170 anos.
3º Lugar - Igor Bernardes Aguiar, do 3° Ano 1
O PROGRESSO DE PEDRO AFONSO
Em seus quase 170 anos de surgimento, o município de Pedro Afonso ao longo das últimas décadas vem passando por inúmeras melhorias. E elas se estendem a todos os setores, desde a infraestrutura, até a forma como a população se percebe enquanto protagonista do processo de evolução.
O avanço na cidade deve-se, sobretudo, ao processo de urbanização que ocorreu e ocorre intensamente, pois o município é agraciado com uma presença de grandes empreendimentos, e isso faz aumentar o fluxo econômico, a especulação imobiliária, dentre tantos outros fatores benéficos.
Todos esses fatores elevam a população local e fazem com que diversas pessoas de outros estados migrem para a região em busca de emprego e melhores condições de moradia. Isso termina por acarretar em uma nova infraestrutura como, por exemplo, a construção de sua segunda ponte que interliga Pedro Afonso ao município de Tupirama.
Atualmente a economia de Pedro Afonso está diretamente associada à indústria produtora de álcool, Bunge, a qual fez com que Pedro Afonso tivesse um salto naquilo que concerne ao comércio, mercado de alugueis, restaurantes dentre tantos outros.
A cidade também oferece aos seus moradores e visitantes a opção de desfrutar da temporada de praia do Rio Sono que realiza-se no mês de julho, expandindo cada vez mais o nome da cidade região a fora. Dessa forma, aos 170 anos Pedro Afonso se firma como uma cidade que definitivamente gravou seu nome entre os nomes das cidades com um dos melhores locais para se morar no estado do Tocantins.