Lia Raquel M. Lacerda
Pedroafonsina, bacharel em Direito e escritora
Se você estivesse aqui Joaquim, choraria. Tenho certeza disso. Peço perdão em nome de todos os brasileiros ou de quase todos eles. D. Pedro I bradou por independência ou morte. Às margens do Ipiranga, conseguiu a independência. Hoje, nós, à margem da sociedade, presenciamos a morte. Morte de honestidade. Morte de sonhos nacionais. Morte política e social.
Não escrevo em defesa de partidos, de bandeiras ou convocações. Não sou Lula, não sou Dilma nem Aécio. Também não sou apartidária, tenho lá minhas convicções. Escrevo em amparo ao meu sentimento verde-amarelo, à minha esperança ainda “ordem e progresso” (carecemos dos dois, sem alternativas).
O sol da liberdade não está com raios fúlgidos. O penhor da igualdade está tão desigual que nem mesmo o braço forte consegue mantê-lo. Apesar de tudo, nossa Pátria ainda consegue ser gigante e adorada entre outras mil.
Caro amigo, estamos numa série de acontecimentos: crise, corrupções à mostra, querendo nos erguer da injustiça clava forte. Corremos em busca de uma (re) democratização parte II. Se possível pintaremos a cara outra vez. Só queremos o nosso Brasil de volta, só isso.
A letra do hino nacional tão metricamente pensada por sua mente brilhante e patriota , infelizmente, hoje, encontra-se desbotada. Não pela falta de harmonia poética, mas pela ausência de efetivação. Não se preocupe: a paz no futuro e a glória no passado, de amor e de esperança ainda descerá a nós. Cremos nisso.
Seja enrolado numa bandeira, seja numa passeata ou em orações, estaremos juntos Joaquim. O Brasil ainda fará jus à sua letra.
Em poucos anos, as próximas gerações se depararão com aulas de histórias inusitadas. Os alunos ao acompanharem a linha do tempo da história brasileira ficarão confusos – de progresso a regresso –, depois regresso de novo e o rumo dessa sequência deixo para Demétrio Magnolli, Roberto DaMatta e outros entendidos no assunto.
Joaquim, a pátria continua amada. Você disse em 1831 que não poderíamos fugir à luta. O seu conselho continua vivo entre nós. Não fugiremos. Ainda cantaremos o hino nacional com orgulho e majestade ao olharmos a bandeira se estender ao alto no formoso céu, risonho e límpido. Estamos contigo, não chore.