Segurança e Justiça

COMETIDOS POR MENORES

Região de Pedro Afonso tem quase 60 furtos em 4 meses

07/10/2015 16h05 - Atualizado em 08/10/2015 08h53
Região de Pedro Afonso tem quase 60 furtos em 4 meses
Dinheiro e drogas apreendidos com adolescente de 13 anos

Henrique Lopes e Fred Alves

“Geralmente os delitos de furtos e roubos que temos na cidade são praticados pelos menores, que estão no vício do tráfico e furtam para sustentar o seu vício”, descreve o delegado Wlademir Costa de Oliveira em entrevista exclusiva ao CNN.


Os números dos casos de furtos em Pedro Afonso e região vêm causando espanto nos cidadãos, que reclamam da insegurança. De acordo dados da Polícia Civil, nos últimos quatro meses foram registrados quase 60 Boletins de Ocorrências (B.O) relatando furtos a residências e estabelecimentos comerciais. Chama atenção o fato de que destas ocorrências 90% foram cometidas por adolescentes.

Em entrevista exclusiva ao CNN o delegado da 11ª Delegacia Regional de Polícia Civil, em Pedro Afonso, Wlademir Costa diz que a razão para o crescente número de furtos cometidos por menores esta ligada ao tráfico de drogas e que mesmo com as operações, como a Renascimento II, os casos de furtos não diminuíram.

Ainda de acordo o delegado a abertura da lei é uma das causas para que os índices de furtos aumentem, já que a lei é branda para o menor infrator. O agente da lei destaca que o trabalho vem sendo feito para atingir o tráfico de drogas, a fim de manter crianças e adolescentes longe do uso de entorpecentes.

“Estamos trabalhando para evitar que a droga esteja na nossa localidade, pois isso fomenta esses delitos cometidos por menores. Infelizmente, por mais que sejam encontrados e se apresentem as autoridades policiais, nós não podemos fazer nada, já que a lei é branda quanto a menores infratores”, diz o delegado.

Atualmente, os jovens infratores apresentados pela polícia são ouvidos e, ainda que forem pegos em flagrante, são levados ao Ministério Público e posteriormente liberados. Salvo os casos graves, com violência ou ameaça, onde é feita a apreensão. Mas nesses casos de furtos, onde não há grave ameaça, não existe uma medida coercitiva que possa ser imposta aos menores. Uma das medidas para evitar a reincidência ao crime é internação compulsória dos menores infratores, que já começou a ser analisada pelo delegado juntamente com o Ministério Público.

Pedido de internação
“O que nós vamos fazer é tentar interpor uma medida de internação compulsória, para alguns menores que já são conhecidos não só da polícia, mas também da sociedade, para poder tirar pelo menos por 45 dias esses menores de circulação e que eles tenham uma nova oportunidade, já que a internação visa sua recuperação”, revela Wlademir Costa.

Conforme o delegado, a qualquer momento pode pedir a internação de dois adolescentes que veem cometendo seguidos furtos para comprar drogas. Um deles de apenas 13 anos foi apreendido duas vezes em menos de cinco dias, na primeira vez por furtar uma cooperativa e na segunda retirou um valor em dinheiro de um veículo e comprou drogas. 

Vício motiva delitos
O delegado revela que nos casos de jovens que se envolve em delitos, como os furtos e roubos, alguns tem influência de adultos, traficantes que orientam sobre determinada situação. Entretanto a grande maioria tem agido baseados no próprio vicio. “O crack, por exemplo, é conhecido como a ‘droga do zumbi,’ onde a pessoa fica ‘zumbizada’, então não sabe onde está entrando, vê uma bicicleta e já pega. Os traficantes estão recebendo tudo, celular, relógio, dinheiro, o que ele tiver na mão”, revela.

Calamidade pública
Para o delegado os diversos problemas com viciados em drogas, em todo o país, já viraram caso de saúde pública e que a cidade de Pedro Afonso teria que ter clínicas de reabilitação dedicadas a recuperação dos menores.

“Esses casos de viciados vêm sendo discutidos amplamente, já passou a ser um caso de saúde pública. Nós vemos que esses menores que estão cometendo furtos hoje têm uma dependência química muito grande e não é possível aplicar medidas coercitivas para poder evitar esses prejuízos que a sociedade sofre”, ressalta.

Atenção à recuperação
Wlademir Costa ver em ações afirmativas, como o acesso ao lazer, esporte, programações culturais, realizadas tanto do poder público como da sociedade, uma forma de combater ao uso de drogas por crianças e adolescentes. Ele destaca que a recuperação dos jovens deve ser observada com mais atenção.

“Essas atividades devem ser incentivadas pelo poder público e também pela sociedade organizada e deve ocorrer diuturnamente, pois a droga esta batendo todos os dias à nossa porta, em nossos colégios e cada vez mais nossos jovens estão sendo influenciados por traficantes”, lembra o delegado. 

 

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