O motorista Rony da Silva Vale que dirigia o veículo que atingiu o Uno Mile da Secretaria de Saúde de Pedro Afonso, no dia 18 de fevereiro de 2014, acarretando o acidente que causou a morte do estudante Lucas França de Oliveira (com 7 anos na época) , foi indiciado por homicídio, lesão corporal e omissão de socorro.
O inquérito policial foi concluído na quinta-feira, 5 de fevereiro, pelo delegado Wlademir Costa de Oliveira, responsável pelas investigações, que encaminhou o relatório à Justiça, que em seguida envia ao Ministério Público do Estado do Tocantins. Depois o MPE tem o prazo de 15 dias para analisar o inquérito policial e oferecer a denúncia ao Poder Judiciário. Uma vez proposta à ação penal e, caso o Ministério Público e a Justiça entendam pelo homicídio doloso, Rony da Silva Vale poderá ser levado a Júri Popular.
De acordo com o inquérito policial, o Laudo de Exame Técnico Pericial em Local de Acidente de Tráfego concluiu que a causa principal do acidente foi a velocidade acima da permitida para o local e a falta de atenção por parte do motorista, que fugiu sem prestar socorro às vítimas. O caminhão bateu em um veículo da Secretaria de Saúde de Pedro Afonso que levava pedroafonsinos para atendimento médico em Palmas (TO).
A batida entre os veículos aconteceu na rodovia TO-010, no sentido sul/norte, quando passou abruptamente por uma lombada próximo ao córrego Ribeirão, já perto do trevo de entrada de Pedro Afonso. Com o choque, o motorista perdeu o controle do veículo, o caminhão dirigido por Rony foi para a pista contrária e bateu no Fiat Uno da Secretaria de Saúde, onde estava Lucas França de Oliveira (a vítima fatal do acidente) e outras seis pessoas.
Vítimas
Lucas França de Oliveira teve Traumatismo Craniano Encefálico e chegou a ser levado para o Hospital Geral de Palmas (HGP), mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no dia 19 de fevereiro de 2014. O motorista do veículo oficial, Manoel Divino Alves da Silva perdeu a visão do olho esquerdo, além de ter um glaucoma do olho direito, cicatrizes estéticas discretas na face, e passar a sofrer com dores de cabeça e alterações de memória.
A mãe de Lucas, Luciene da Silva França, teve lesões na face e na mão direita. Luciene perdeu sensibilidade do lábio inferior e movimento nos dedos. Uma menina excepcional, na época com apenas 3 anos de idade, fraturou o fêmur das duas pernas e sofreu uma luxação bilateral no quadril. Outras duas mulheres tiveram escoriações.
O inquérito policial averiguou que Rony da Silva Vale consumiu bebidas alcoolicas, na noite de 17 de fevereiro de 2014, antes de encontrar com uma mulher e sair com ela para o Loteamento Canavieiras em Pedro Afonso. Saindo do local, Rony que dirigia um caminhão que transportava bebidas, perdeu o controle do veículo depois uma lombada e atingiu o carro que levava os moradores de Pedro Afonso para Palmas.
Rony fugiu do local e apresentou-se na Delegacia de Polícia Civil de Colinas do Tocantins, na manhã do dia 19 de fevereiro de 2014, dois dias após o acidente. No interrogatório, Rony alegou que por medo que a carga de bebidas fosse danificada, uma vez que o veículo estava carregado, freou bruscamente o caminhão na lombada, e que a velocidade era de aproximadamente 50 km/h. Alegou ainda que deixou o local por temer por sua integridade física e que não ingeriu bebida alcoólica.
Durante as investigações foram ouvidas seis testemunhas, cinco vítimas e o motorista foi interrogado por um delegado. Durante todo tempo do inquérito, o motorista esteve em liberdade.
Família quer justiça
O agente de endemias, Dalci Costa de Oliveira, pai de Lucas, lamenta até hoje a morte do seu filho. “Dinheiro nenhum vai trazer o meu filho de volta, mas tenho que ir atrás de Justiça”, disse o pedroafonsino que teve o filho morto no acidente entre um caminhão.
O pai está arcando sozinho com as despesas do tratamento da sua esposa, Luciene da Silva França. Segundo ele, a sua esposa retirou as três placas de ferro que foram colocadas no maxilar, após o acidente, em Palmas, e fez uma ressonância magnética do joelho, pois o mesmo está inchado, e ela não consegue ficar muito tempo em pé. “Está ficando bastante pesado pra mim; tô tirando dinheiro de onde não posso, mas tenho que tratar da saúde da minha esposa”, explicou Dalci.
A mãe do menino também lamentou a demora da Justiça em apurar o caso e condenar o acusado. “Vejo essa demora com muita angústia e vejo como é lenta a Justiça. Estamos nos aproximando de um ano e até agora o que foi feito? Sei que é um inquérito demorado”, comentou. “Eu espero que a Justiça seja feita, que os culpados sejam punidos, nada irá trazer o meu filho de volta, mas por uma imprudência no trânsito, ele foi arrancado de nós”, finalizou. (JD Matos, João Paulo Bueno e Fred Alves)