Na manhã da última terça-feira, 27 de janeiro, representantes da Fundação Bunge e autoridades do município estiveram reunidos no gabinete do prefeito Jairo Mariano (PDT) para discutir as ações da empresa na região. Além do prefeito, estiveram presentes a presidente da Câmara de Vereadores de Pedro Afonso, Lili Benício, a secretária municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, Rosângela Aparecida Pereira de Oliveira – a Rose, e os consultores da Fundação Bunge, Kênia Rocha e Manoel Vitor Figueiredo.
Durante o encontro foi discutida a entrega final do Plano de Desenvolvimento Urbano (PDU), que está sendo desenvolvido pela fundação e deve ser encaminhado à câmara municipal no mês de fevereiro. Além do PDU, discutiu-se também a atuação do Grupo de Trabalho Consorciado (GTC), que inclui Pedro Afonso, Bom Jesus do Tocantins e Tupirama – os três municípios impactados pela instalação da Bunge na região.
O prefeito Jairo Mariano destacou que o consórcio intermunicipal passa por dificuldades em função da queda de arrecadação dos municípios, e observou que, apesar da importância de se implementar um aterro sanitário na região, conforme constatado pelo PDU desenvolvido pela fundação, os municípios não têm condições de arcar com os custos – estimados em R$ 3 milhões – no momento. No entanto, apesar de reconhecer a relevância do plano e de outras atividades promovidas pela Bunge em Pedro Afonso, Jairo Mariano destacou que ele e os prefeitos dos outros municípios afetados pelo empreendimento esperam muito mais da empresa.
“Nós estamos cansados de apontar os impactos causados pela Bunge na região, e apesar de diversas atividades – como o resgate da história do município e a divulgação turística – nós temos outras ações que são mais necessárias. O empreendimento acarretou problemas habitacionais em função da quantidade de funcionários, além de termos registrado um fluxo ascendente de novas matrículas de alunos e uma demanda maior da saúde. Há também uma sobrecarga no sistema de água e saneamento do município, e a comunidade nos cobra constantemente: funcionários da Bunge, por exemplo, que usam o transporte particular da empresa, exigem a construção de pontos de ônibus para se abrigarem do sol e da chuva”, pontuou Jairo, observando que, no caso dos pontos de ônibus, por não se tratar de transporte coletivo, municipal, mas sim de transporte privado, a empresa poderia providenciar a construção dos pontos.
De acordo com Manoel Figueiredo, um dos consultores da Bunge, a reunião foi importante para identificar os pontos de interesse comum de ambas as partes. “São assuntos importantes tanto para o município quanto para a Fundação Bunge, e acredito que chegamos num bom termo no sentido de estabelecer um relacionamento entre o poder público e a fundação nesse processo de trabalho que foi colocado. A partir de agora iremos preparar um relatório dos temas discutidos no encontro, que será encaminhado para a análise da fundação”, disse o consultor.
Para a presidente da Câmara, Lili Benício (PSD), o encontro foi importante para mostrar os anseios da comunidade, e apontar a necessidade de um compromisso socioeconômico da Bunge com Pedro Afonso. A opinião dela é compartilhada pela secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, Rose, que observou que a empresa causou um impacto social muito grande na região, e precisa estabelecer um planejamento compartilhando as responsabilidades com os municípios, visando o desenvolvimento local.
O prefeito Jairo Mariano diz aguardar que, uma vez informada dos problemas locais, a Bunge dialogue com o poder público para solucionar os problemas criados. “O que nós precisamos é de algo concreto, de uma contrapartida efetiva na resolução desses problemas. Nós tentamos uma audiência com a diretoria da empresa em São Paulo, o ano passado, que foi negada, mas continuamos tentando conversar para estabelecer ações conjuntas para resolver os problemas da comunidade. Não queremos tirar a responsabilidade do município nessas ações, mas esperamos uma participação direta da Bunge, proporcionalmente, em função do impacto causado pelo empreendimento”, concluiu.