O consumo de drogas cresce de maneira assustadora não apenas nas grandes cidades, mas também nos pequenos municípios. O mais preocupante é perceber que cada vez mais crianças e adolescentes estão consumindo crack, maconha, álcool e outras substâncias proibidas. Felizmente existem boas iniciativas para ajudar a frear esse avanço maléfico através de ações preventivas e de conscientização dos menores. Um exemplo é o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD), desenvolvido pelo 3º Batalhão da Polícia Militar em Pedro Afonso e região, desde 2005.
Em quase dez anos já foram formados 5.443 estudantes e 48 pais, em seis cidades. Ainda em 2014 este número será ampliado com a formatura de mais 295 alunos do 5º ano de escolas urbanas e rurais dos municípios de Tupirama, Bom Jesus do Tocantins, Centenário, Rio Sono, Pedro Afonso e Lizarda.
Parceiro da escola e da família
Atualmente a equipe responsável pelo Proerd no 3º BPM é formada pelo tenente Romes (coordenador), tenente Tolentino, sargento Hélio, cabo Guerra, cabo Valéria e soldado Maxivan.
O tenente Romes explica que o programa é executado nas escolas das redes estadual, municipal e particular de ensino. O instrutor do Proerd, necessariamente um policial militar fardado, ministra aulas uma vez por semana, durante um semestre letivo para crianças e adolescentes de séries compatíveis com o programa. São abordados temas que buscam desenvolver a autoestima, o controle de tensões, noções de cidadania, além de ensinar técnicas de autocontrole e resistência às pressões dos companheiros, e as formas de oferecimento das drogas por pessoas estranhas ao convívio das crianças e dos adolescentes. As aulas são diferenciadas e contam com exemplos práticos, brincadeiras e muita interação, onde o estudante pode expor sua opinião e tirar dúvidas.
Sargento Hélio, instrutor do Proerd desde 2010, explica que as lições repassadas em sala de aula ficam marcadas na vida dos alunos e contribuem para mantê-los longe das drogas. “Quando termina o curso percebemos que o aluno evoluiu, aprendeu o quanto o mundo das drogas é perigoso e multiplica esse conhecimento para além dos muros da escola”, relata o militar.
Israel Moreira Lima, 10 anos, estuda no 5º ano da Escola Estadual Alfredo Nasser, de Bom Jesus do Tocantins. O garoto espera com ansiedade o dia da aula do Proerd e revela ter aprendido a se manter longe das drogas e da violência. “Aprendi que as drogas fazem mal e que não devemos brigar na rua. Já falei isso para meus pais e familiares. É possível ser feliz sem fazer bobagem”, testemunhou ao lado de outros colegas.
A gestora da Escola Estadual Alfredo Nasser, que tem 563 alunos, Antônia da Silva Alves, destaca que o Proerd atende a unidade educacional desde 2009 e tem contribuído significativamente na formação dos estudantes. “O aluno que passa pelo Proerd dificilmente se desvia para um caminho ruim. Geralmente quem se envolve com drogas não participou do programa. O Proerd ajuda a manter os jovens longe das drogas. A parceria da escola com a Polícia Militar é muito positiva e traz benefícios para toda a comunidade, pois a criança acaba multiplicando os ensinamentos recebidos para familiares, vizinhos e amigos”, revela a educadora.
Atual comandante do 3º BPM, o major Márcio Miranda faz questão de destacar que o sucesso do Proerd depende de um perfeito entrosamento entre escola, família e polícia, com o apoio da sociedade em geral. “Em quase dez anos o Proerd alcançou resultados altamente positivos. Esse trabalho preventivo acaba ajudando a diminuir o avanço nefasto das drogas nos 11 municípios pertencentes à área de abrangência do 3º BPM. Isso é possível graças ao trabalho dos instrutores e ao apoio das escolas e da sociedade”, avaliou Miranda.
Mudanças
Para 2015, o programa terá o currículo reformulado com nova metodologia e também atenderá os pais, fazendo com que eles acompanhem de perto os filhos e percebam qualquer mudança de comportamento que possa ter sido causada pelo uso de drogas.
Início do Proerd
O projeto nasceu nos Estados Unidos e foi levado para mais de 50 países. Chegou ao Brasil em 1992, através da Militar do Rio de Janeiro. No Tocantins foi implantado no ano de 2002, também por iniciativa da Polícia Militar.