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Detentas denunciam más condições de comida e armazenamento das refeições

21/11/2014 09h14 - Atualizado em 23/11/2014 09h58

JD Matos e Fred Alves

Vasilhas quebradas, atrasos no horário de alimentação e más condições da comida. Estas foram as denúncias que chegaram até o Centro-Norte Notícias, em relação ao fornecimento de alimentação para as detentas da Unidade Prisional Feminina de Pedro Afonso. A alimentação é fornecida por uma empresa contratada pela Secretaria da Defesa Social.

De acordo com o que foi repassado por familiares, desde o início do mês de novembro, as detentas reclamaram das vasilhas quebradas onde são colocadas a comida. Além disso, houve caso de encontrarem uma larva de varejeira em uma delas.

Outra reclamação é de que as refeições não estão seguindo nem o cardápio que é estabelecido pela empresa contratada para fornecer os alimentos e nem os horários pré-estabelecidos para elas. Segundo as informações repassadas pelos familiares das presas, o horário correto das refeições é: café da manhã às 7h30; almoço às 11h30; e jantar às 17h50. Mas desde outubro, os atrasos vêm sendo contínuos, o que acaba interferindo nas atividades de algumas das detentas tem que participar para cumprir as suas penas.

Até mesmo a Defensoria Pública já esteve na unidade prisional e constatou as irregularidades em relação ao fornecimento da alimentação. A Defensoria tirou fotos das condições das vasilhas e das refeições para comprovar as denúncias das presas.

A reportagem do CNN apurou que nos dias 8 12 de novembro as detentas se recusaram a comer, pois teriam encontrados larvas e uma mosca na comida. Na ocasião, teriam assinado um documento, uma declaração para a Defensoria, informando sobre as denúncias e que não iriam comer da alimentação fornecida.

Defensora vai informar juiz

A defensora pública, Teresa de Maria Bonfim Nunes, informou ao CNN que na próxima segunda-feira, dia 17, vai enviar um ofício ao juiz corregedor da Comarca de Pedro Afonso, Milton Lamenha de Siqueira, solicitando que sejam tomadas as devidas providências. “Também pretendo oficiar a empresa responsável pela alimentação, a Vogue”, completou.

Segundo a defensora, foi possível perceber que a comida é requentada e que presenciou larvas de moscas dentro dela. “Não tem como dizer que as larvas foram colocadas pelas presas. Esperamos que sejam tomadas providências, do jeito que estar não é aceitável. Apesar de terem cometido crimes e estarem cumprindo penas, não podem ser tratadas desumanamente”, explicou a defensora.

Secretaria responde
A Secretaria da Defesa Social enviou uma nota ao CNN, sobre as denúncias apresentadas no fornecimento de alimentação para as detentas da unidade prisional em Pedro Afonso.

Segundo a nota, a Secretaria de Defesa Social esclarece que notificará a empresa responsável pela prestação de serviços de alimentação sobre essa ocorrência. “Informa, todavia, que realiza, mensalmente, fiscalizações nas Unidades Prisionais do Tocantins, inclusive, nesta semana, foi realizada uma vistoria na referida unidade. Caso seja comprovada irregularidade, a Secretaria de Defesa Social adotará as providências cabíveis, visando a garantia da segurança alimentar”, afirmou o documento.

Empresário garante qualidade 
O proprietário do restaurante que fornece a alimentação, Ricardo Galvão, esclareceu ao CNN que há oito meses presta o serviço para a Vogue Alimentos. De acordo com o empresário, serve três refeições diárias e recebe R$ 11,00 por cada uma delas, e assegurou a qualidade da comida, que as vasilhas são novas e a pontualidade na entrega. “Da porta para dentro a responsabilidade não é minha. Quando entrego o isopor, as vasilhas são abertas por um funcionário da cadeia”, retrucou. “As vasilhas foram quebradas lá dentro. Por três vezes tive que trocar 11 das 17 vasilhas”, informou o empresário.

Ainda segundo Galvão, em certa ocasião reclamaram que foi achado parte de uma barata, e ele teria trocado de padaria. Reforçou ainda que já convidou a defensora pública para visitar a cozinha do seu restaurante. Além disso, o promotor e a secretária do juiz já tiveram acesso aos relatórios que são feitos pela empresa. “A fiscal do contrato esteve no restaurante e atestou qualidade. Sirvo comida no restaurante e para duas grandes empresas e nunca houve reclamações”, contestou.

Sobre a questão do jantar ser requentado, Galvão afirma que não é verdade. “O jantar não é requentado e somente é acondicionado no isopor às 17 horas”, declarou.
E questionado sobre ter entrado na cela e de ter discutido com uma das detentas, o empresário disse ter sido chamado pela fiscal do contrato, já que as presas queriam falar sobre a comida e negou ter discutido com alguma delas.
 

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