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Enfermagem denuncia Hospital de Pedro Afonso; diretor promete solução

28/08/2014 19h11 - Atualizado em 29/08/2014 10h02

Fred Alves

O Sindicato dos Profissionais de Enfermagem do Estado do Tocantins (SEET) protocolou na segunda-feira, 18, ofício na Promotoria de Justiça de Pedro Afonso. No documento (confira a integra aqui) encaminhado ao promotor Luís Antônio Francisco Pinto, a entidade afirma que profissionais de enfermagem do Hospital Regional de Pedro Afonso (HRPA) estariam sofrendo assédio moral e faz outras queixas.

A unidade conta com 170 servidores, sendo que 24 são enfermeiros e 57 técnicos em enfermagem.

Segundo o Seet, a denúncia foi feita ao sindicato por profissionais da enfermagem que trabalham na unidade. Ainda conforme a entidade, entre os diversos abusos estão à falta de condições de trabalho e abuso de autoridade, onde gestores da unidade usariam do seu poder para coagir e obrigar os servidores a executar tarefas que não condizem com o exercício da profissão.

“Além da situação vergonhosa vivida pelos profissionais de enfermagem, a assistência prestada à população não tem as condições mínimas de atendimento devido à falta de materiais e de pessoal para atuar naquele município”, informa o sindicato.

O Seet também afirmou que no último dia 17 de julho, em reunião, foi protocolado um ofício junto ao subsecretário de Gestão, João Cruz, para que se levasse ao conhecimento do secretário estadual da Saúde, Luís Antônio da Silva Ferreira, as denúncias feitas pelos profissionais de enfermagem que atuam no Hospital Regional de Pedro Afonso e o titular da pasta tomasse as devidas providências. Conforme o sindicato foi dado um prazo de cinco dias úteis para a resolução do problema, e na época o subsecretário se comprometeu a abrir uma investigação e afastar imediatamente os respectivos gestores da unidade de seus cargos.

“Assim, a diretoria do SEET aguardou os prazos solicitados pelos gestores, como nada foi feito esta entidade protocolou a denúncia junto aos órgãos competentes para que se tomem os devidos encaminhamentos para resolução do problema”, diz o sindicato.

O presidente do Seet, Claudean Pereira, afirmou que vai acompanhar o caso até que seja resolvido. “É vergonhoso o que vem acontecendo dentro daquela unidade, os colegas vêm sofrendo todo tipo de assédio e o governo do Estado não faz nada para resolver a situação”, afirma o presidente.

Diretor afirma não ter sido procurado por profissionais
A reportagem do CNN ouviu o médico Augusto Sales, diretor do Hospital Regional de Pedro Afonso, que comentou as denúncias apresentadas pelo Sindicato dos Profissionais de Enfermagem do Estado do Tocantins.

Ele afirma desconhecer a prática de assédio moral e lembrou que o hospital conta com um livro de ocorrências, onde qualquer profissional pode relatar queixas e outras informações ocorridas durante o horário de trabalho. Conforme o diretor, o livro de ocorrências teria sido analisado por representantes da Secretaria Estadual da Saúde (Sesau), que estiveram na unidade durante visita técnica realizada em julho, e não constataram nenhuma reclamação sobre assédio moral.

“Não fui procurado por nenhum profissional para reclamar de assédio moral ou outro problema. São questões que poderiam ser solucionadas internamente, mas não fomos procurados. Estou sempre aberto ao diálogo”, afirmou Augusto Sales, acrescentando que se tiver conhecimento sobre qualquer caso de desrespeito de médicos ou outro gestor contra profissionais de enfermagem, tomará as providências cabíveis. Ele sugeriu que caso algum profissional sinta-se assediado, registre um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil. Em seguida, conforme explicou, é aberto processo administrativo para apurar as responsabilidades. O infrator pode ser advertido verbalmente e sofrer outras sanções.

“Não admitimos desvios de caráter e condutas equivocadas por qualquer profissional”, assegurou. O diretor também garantiu que serão tomadas medidas para solucionar alguns dos problemas apresentados na denúncia encaminhada ao Ministério Público Estadual. “O que for de nossa responsabilidade iremos fazer”.

Desvio de função
Augusto Sales também comentou as queixas de desvio de função na unidade. Segundo ele, em algumas ocasiões um profissional de enfermagem pode desempenhar outras atividades consideradas simples durante o atendimento aos pacientes, principalmente porque o hospital, assim como outras unidades de saúde do Tocantins, sofre com a falta de profissionais suficientes em seus quadros.

“Aqui não é uma indústria onde o profissional só cumpre uma atribuição. Se eu como médico ou enfermeiro não puder empurrar uma maca, é bem complicado”, opinou.

O médico também falou da atuação do coordenador de enfermagem, motivo de queixas de alguns enfermeiros e técnicos. Conforme relatou, o responsável pela área assumiu o cargo, fez exigências e suas ações deixaram alguns profissionais insatisfeitos.

O diretor do HRPA ainda negou que haja um cardápio de refeições diferenciado. “Ocorre que os médicos fazem as refeições na sala de repouso e os demais profissionais no refeitório. A comida é a mesma para todos”.

O gestor também disse que o hospital conta com uma empresa terceirizada responsável pela manutenção predial e quando há necessidade troca lâmpadas, retira infiltrações e realiza outros serviços.

Sesau não responde
Ainda na tarde dessa quarta-feira, 20 de agosto, a reportagem do CNN entrou em contato por telefone e via e-mail com a Secretaria Estadual da Saúde, questionando a pasta sobre as reclamações apresentadas pelo Sindicato dos Profissionais de Enfermagem do Estado do Tocantins. Foi perguntado se existe previsão para melhorias na estrutura física do Hospital Regional de Pedro Afonso; prazo para uma solução referente a falta de uniformes, materiais, remédios, entre outros itens, e qual o posicionamento da secretaria em relação a denúncia feita ao Ministério Público Estadual.

Até o fechamento desta matéria, já na manhã da quinta-feira, 21, a Sesau não se pronunciou.
 

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