Turismo e Meio Ambiente

DESCENDO O RIO

Mais de duas mil pessoas participam do Rally das Águas em Itacajá

31/07/2014 08h49 - Atualizado em 01/08/2014 08h59

Texto e fotos: Suzana Barros

Com 7 mil 104 habitantes a cidade de Itacajá, a 310 quilômetros de Palmas, tem seus minutos de fama garantido com divulgação na mídia pelo menos uma vez por ano. Tudo tem início nas férias de junho-julho, mas culmina mesmo com um evento considerado especial, para o comércio e para o turismo local: o Rally das Águas, que a cada ano supera expectativas dos segmentos envolvidos, trazendo de volta os filhos da terra que residem em outras cidades, além de turistas de outros estados. Este ano, na sua 14ª edição, foi realizado no último fim de semana, batendo recorde de público: mais de duas mil pessoas.

Mas o que é mesmo o Rally? Uma competição, um esporte radical, uma atração turística, uma festa...? Nada disso! Melhor: na verdade é tudo isso misturado e muito mais. O certo mesmo é que o evento tem a capacidade de envolver os habitantes de Itacajá e entorno, além de agregar pessoas de lugares e classes sociais diferentes. Realizado no Rio Manoel Alves Pequeno, compreende um passeio pelo rio. A forma? Fica à escolha de quem se permite. Podem ser de balsas improvisadas, boias de pneus de carro, de caminhão, de trator a colchões infláveis.

O ponto inicial é a Fazenda Dois Irmãos. Para chegar lá, deve-se percorrer 10 quilômetros de estrada de chão. Ate à beira do rio é necessário andar cerca de 10 minutos a pé. Depois disso tudo é festa. Tem até concentração antes da saída. A largada é feita com fogos de artifícios. A partir de então, a ordem é se divertir durante o percurso que varia de quatro a cinco horas, de acordo com o ritmo de cada tripulante e/ou embarcação. Devido às improvisações, algumas cenas são de causar gargalhadas: grupos presos a boias amarradas uma às outras, casais e pessoas isoladas em colchões... E se percebem uma câmera fotográfica ou filmadora, começam a chamar a atenção: gritam, fazem guerra de água, mostram cartazes e o uso de adereços. Um verdadeiro Carnaval de som, cores e alegria.

A chegada é na praia da Orla, no perímetro urbano de Itacajá. Os raizeiros – denominação dada aos participantes - são recebidos ao som de uma banda. Este ano, pelo Grupo Kente, de Pedro Afonso . Para participar, nem é preciso inscrição. Basta ter seu meio de transporte e “cair na água”. Parece bagunçado e perigoso, mas não é bem assim. Todo o percurso é acompanhado por equipes do Corpo de Bombeiros, do Cipama e do Naturatins. Sem contar que a Prefeitura, além de dar condições para que o evento seja realizado com segurança, disponibiliza voadeiras para fazer a coleta do lixo decorrente da atividade. “Recolhemos mais de 30 sacos de lixo grande”, avalia um dos funcionários municipais.

Participantes
Praticante desde os 15 anos, o estudante Albertino Soares Barros, 20, coordenou um grupo de 12 pessoas, amigos de Itacajá. “Atualmente alguns moram em Brasília e retornam pra cá neste período, especialmente para participar do Rally”, disse ele, acrescentando: “é a melhor coisa da cidade. Vem quem já moraram aqui e estão fora, de Palmas, vem até gente de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, do Goiás - veio duas caravanas”.

De Palmas, Fernando Ferrarin e Fernanda Ruiz não só participam como motivaram a vinda de Rogério Maracaípe. “Ficamos sabendo do Rally há dois anos através de uma matéria de TV e nos encantamos. Um ano depois, vi um panfleto divulgando a data e programei nossa vinda. Gostamos tanto que trouxemos mais um este ano”, revela Fernando. Segundo Rogério, o boca-a-boca foi o suficiente para trazê-lo, mas nenhuma descrição dos amigos foi o suficiente para traduzir o que realmente é o evento. “É surpreendente! O que mais me atraiu foi saber que, pra não me afogar, tinha que fazer o percurso com uma latinha de cerveja no pescoço. Não é que funciona!”, concluiu Rogério.

História
Apesar de haver controvérsias em relação à origem do Rally, a mais citada é a versão de que tudo começou de uma brincadeira de um grupo de amigos, que resolveu descer o Manoel Alves Pequeno em boias, no estilo boia cross. A experiência despertou, aos poucos, o interesse da população, até tornar-se referência no Tocantins e fora dele. O sucesso foi tamanho, que o evento já vem sendo adotado em outras cidades tocantinenses, a exemplo de Goiatins, Palmeirante e Miracema.

Nos primeiros anos, havia disputa da melhor barca, que deveria ser feita com produtos da natureza. “Até que um dos resultados gerou briga e desavenças, então resolveu-se parar com a eleição e ficar só na brincadeira de descer o rio”, relembra João Batista Oliveira. A inovação, de uns anos pra cá, é a venda de abadás com a logomarca do evento. De iniciativa da Associação dos Comerciantes, é vendido a R$ 25,00. Com ele, tem-se direito a um espetinho no local chamado Ponto do Cajá, onde os participantes são obrigados a dar uma paradinha para atravessar uma corredeira.

Serviço
O que: Rally das Águas.
Onde: Itacajá, a 310 quilômetros de Palmas.
Quando: geralmente na segunda quinzena de julho.

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