Fred Alves
Mais uma discussão acalorada, com direito a gritos e tapas na mesa, entre os vereadores Sipriano e Sirleide do Movimento, ambos do PMBD, mostra que a relação entre os dois azedou de vez. Na sessão realizada na manhã da terça-feira, 15 de abril, eles voltaram a discutir asperamente a exemplo da reunião da última semana.
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Votação de requerimento gera discussão entre Sirleide e Sipriano
A troca de acusações entre os parlamentares aconteceu durante a votação de um requerimento de autoria de Sipriano, líder do governo na Casa de Leis, solicitando ao executivo que destine uma área pública no Setor Aeroporto II para construção de um posto de saúde. A área em questão tem 3.453 m² onde fica localizada a sede do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), que atua no bairro há oito anos e é coordenado justamente por Sirleide.
“A prefeitura pretende construir uma escola, uma creche e um campo de futebol no bairro, mas falta área para o posto de saúde”, justificou Sipriano.
Ao proferir seu voto Sirleide partiu para o ataque e disse que a propositura era uma retaliação ao requerimento de sua autoria aprovado na última sessão, no qual solicita para a Prefeitura de Pedro Afonso que envie mensalmente à Câmara Municipal relatórios dos processos licitatórios. Ela também acusou o prefeito Jairo Mariano (PDT) de “estar por trás” do assunto.
A parlamentar apresentou um mapa do bairro com o microparcelamento, disse ter cercado a área para preservá-la e que o MNLM pretende captar recursos financeiros para construir um centro de geração de renda no local. Batendo na mesa e elevando o tom de voz, Sirleide defendeu a entidade. “Não admito falta de respeito com a história do Movimento de Luta pela Moradia que há oito anos está no Setor Aeroporto realizando um trabalho em prol de quem precisa de casas. Não é justo tentar apagar essa história”. A parlamentar disse, ainda, que o MNLM não quer a área para si, mas para ajudar a comunidade. “Não admito retaliação contra minha pessoa. A máscara caiu, está clara a perseguição do prefeito e do líder de governo. É algo pessoal contra mim, sempre fui da base, mas acho que não me querem mais”, protestou.
Ela ainda lembrou que em um ano e pouco mais de quatro meses de administração, a atual gestão municipal não tomou medidas para combater as especulações imobiliárias no bairro. “Muitas vendas de áreas são apoiadas por políticos inescrupulosos”, acusou.
Sirleide ainda disse que era favorável a destinação de uma área para construção do posto de saúde, desde que não seja aquela onde está construída a sede do MNLM.
Na réplica Sipriano afirmou que seu mandato era legítimo e podia apresentar requerimentos que julgasse importantes. Ele criticou Sirleide dizendo que a vereadora se apropriou de uma área pública sem autorização legal. “Na verdade caiu foi a sua máscara porque você não tinha autorização para cercar uma área pública sem autorização legal. Quem devia estar naquele local era uma pessoa pobre. Vossa Excelência cometeu um absurdo ao se apropriar de um patrimônio público. Tira a máscara de ocupar área pública e depois sai de fininho falando que é para construir centro de geração de renda”, afirmou o líder de governo.
“Estou dentro do Aeroporto II e quero que alguém mostre que tenho área pública. Estou no bairro brigando por infraestrutura e para levar os demais serviços públicos que a comunidade precisa”, completou.
Votação
A votação foi apertada, mas o requerimento foi aprovado por 4 votos a 3. Votaram a favor Sipriano (PMDB), Irene do Sindicato (PDT), Rodrigo Lustosa (PSD) e Lili Benício (PSD), Já os parlamentares Sirleide do Movimento (PMDB), Mirleyson Soares (PT) e Salim Bucar (PTB). Os três fizeram questão de dizer que eram a favor da construção de um posto de saúde no Aeroporto II, mas que fosse erguido em outra área que não fosse a do Movimento Nacional de Luta pela Moradia. "Sou a favor da construção de um posto de saúde no bairro, mas que seja desigado para outra área, pois acho que isso é uma perseguição política contra a vereadora Sirleide", disse Salim Bucar.
Discussão continuou
Porém, a discussão continuou mesmo após a aprovação do requerimento com gritos e tapas nas mesas, sendo preciso o presidente da Câmara Municipal de Pedro Afonso, Coelho (DEM), intervir e pedir moderação aos parlamentares.
Sirleide anunciou que o MNLM vai buscar seus direitos na justiça. “Vamos trazer o Movimento na sessão para lutar pelos seus direitos”, prometeu.
Já Sipriano desafiou Sirleide a apresentar documentos oficiais da doação da área para o MNLM. “O Município não precisa desapropriar e sim tomar posse daquela área que lhe pertence”, explicou.
Prefeito vai se pronunciar
A assessoria de comunicação Jairo Mariano, citado por Sirleide do Movimento em suas declarações, informou que o prefeito se pronunciaria sobre o assunto na tarde desta terça-feira, 15 de abril .