Política

FUMAÇA

Vereadores debatem problemas causados pela queima de cana

17/06/2014 11h32 - Atualizado em 02/07/2014 18h31
Vereadores debatem problemas causados pela queima de cana
Juliano Ribeiro

Os prováveis danos ambientais e à saúde humana que seriam causados pela fumaça produzida pela queima de lavouras de cana-de-açúcar da usina Pedro Afonso Açúcar e Bioenergia – Bunge, com o intuito de facilitar a colheita, dominaram os debates na sessão da terça-feira, 10 de junho, na Câmara Municipal de Pedro Afonso.

A vereadora Sirleide do Movimento (PMDB) disse ter sido procurada por moradores do Setor Aeroporto II que reclamaram estar sofrendo com os efeitos da fumaça. O problema também prejudicaria moradores do Setor Portelinha. Preocupada, teria procurado representantes da usina em Pedro Afonso, quando foi informada que a queimada era controlada, tinha licença ambiental e seria feita para conter doenças na lavoura, como a ocorrência de fungos.

A parlamentar afirmou que mesmo sendo legalizada, deve haver preocupação com as queimadas, pois realizou pesquisas e constatou que são inúmeros os impactos que elas causam não só ao meio ambiente como também a saúde das pessoas. “A queima produz vários gases como o gás carbônico, monóxido de carbono, metano, além da poluição do ar. Também causa a chuva ácida que pode contaminar as nascentes d’água, rios e as florestas”, explicou Sirleide. Ela lembrou que a fumaça também causa doenças respiratórias e do coração, além de irritação na pele e nos olhos. “Estou falando como cidadã, filha de Pedro Afonso que cresceu na roça. Fico preocupada com as pessoas que estão expostas a esse problema”, disse.

Rodrigo: Prefiro sair da empresa, mas não vou concordar com algo errado”
Apesar de ser funcionário de uma empresa terceirizada que presta serviços à usina, o vereador Rodrigo Lustosa (PSD) também teceu críticas a queimada da cana e aos problemas acarretados por essa prática. “Plantam cana demais e não dão conta de colher de forma tradicional sem queimar. Os bichos [animais] estão todos ‘doidos’ correndo para a cidade”, disse. O parlamentar também fez um alerta: “todas as cidades que tinha usinas acabaram”. “Prefiro sair da empresa, mas não vou concordar com algo errado”, completou Rodrigo.

O presidente da Casa de Leis, Coelho (DEM) disse ter sido informado que usina colhe em média, diariamente, de 10 a 11 toneladas, e que a meta é colher 12 mil toneladas/dia. Ele lembrou que os funcionários da usina tem que cumprir metas e queimando a cana produção é dobrada. “Eles não estão nem aí, nós é que temos que nos preocupar”, disse Coelho, lembrando que a usina quer colher rápido e de maneira econômica.

Já a vereadora Lili Benício (PSD) afirmou desconhecer o compromisso ambiental e social da empresa com Pedro Afonso, bem como as ações realizadas pela Bunge para minimizar os impactos gerados ao município com a instalação da usina no município.

“Só se preocupam com eles, não com o município. A comunidade não pode sofrer com os impactos”, foi o que disse o petista Mirleyson Soares.

Para o líder de governo no legislativo, Sipriano (PMDB), “a cidade está acima da usina e dos interesses econômicos”. Ele propôs que uma comissão seja formada para conversar com o Ministério Público Estadual (MPE) e saber até que ponto vai a legalidade da queimada. “Nosso meio ambiente está acabando, não podemos permitir isso”, concluiu.

Compromisso social
Ao final, Sirleide do Movimento fez um aparte para lembrar que a Bunge, através de seu braço social a Fundação Bunge, já realizou investimentos de mais de R$ 5 milhões na região de Pedro Afonso. A parlamentar citou a formação continuada de professores, a reforma e entrega de biblioteca, a elaboração de planos diretores, doação de área para construção do aterro sanitário em Pedro Afonso e a criação do Consórcio Intermunicipal Delta do Tocantins. Mas ela fez questão de salientar que se posiciona contra a queima da cana-de-açúcar, apesar de a empresa afirmar ter licenciamento ambiental para a prática.

Usina: queimada é autorizada e feita eventualmente
A Usina Pedro Afonso enviou nota de esclarecimento, onde diz que eventualmente, realiza a queima da cana bisada (que não foi colhida na safra anterior) apenas com o objetivo de controlar a sanidade da planta, evitando pragas e proliferação de bactérias no canavial. “Essa atividade é feita de forma controlada, em áreas muito específicas e a empresa não realiza a queima sem solicitar autorização aos órgãos competentes”, assegura o empreendimento.

Ainda conforme a nota, a queimada controlada é da cana é realizada em canaviais localizados há mais de oito quilômetros de distância das áreas urbanas e não atinge regiões habitadas.

Confira a íntegra da nota abaixo.
POSICIONAMENTO

A Usina Pedro Afonso esclarece que, eventualmente, realiza a queima da cana bisada (que não foi colhida na safra anterior) apenas com o objetivo de controlar a sanidade da planta, evitando pragas e proliferação de bactérias no canavial. Essa atividade é feita de forma controlada, em áreas muito específicas e a empresa não realiza a queima sem solicitar autorização aos órgãos competentes.

A queima controlada da cana é realizada em canaviais localizados há mais de oito quilômetros de distância das áreas urbanas e não atinge regiões habitadas. A empresa reforça ainda que essa não é uma prática frequente na usina, pois apesar de necessária para evitar a proliferação de pragas, é prejudicial ao processo industrial.
A Usina Pedro Afonso entende que toda queimada deve ser excepcional e controlada para evitar eventuais transtornos para a comunidade entorno.
Tanto assim, que mantém uma Brigada de Incêndio preparada e treinada que, inclusive, já atuou para controlar e debelar focos de incêndio na cidade e em áreas rurais da região.

Atenciosamente,
Assessoria de imprensa da Usina Pedro Afonso
 

VEJA TAMBÉM: