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Brasil falha e tem menor aumento entre sedes olímpicas desde 1992

13/08/2012 15h26 - Atualizado em 13/08/2012 15h26

Bruno Doro e Bruno Freitas/UOL

O recorde de medalhas brasileiras em Jogos Olímpicos foi quebrado. Em Londres-2012, atletas verde-amarelos foram ao pódio 17 vezes, 13,3% a mais do que os 15 em Pequim-2008. Mesmo assim, não há muito para comemorar: o Brasil falhou na formação de uma geração de medalhistas para a Olimpíada do Rio 2016.

Quer uma prova? Olhe para o número de medalhas que países como Reino Unido, Austrália e até Grécia conquistaram na Olimpíada anterior àquela que sediaram. Excluindo a China, que fez o salto quatro anos antes, o crescimento brasileiro é o menor entre as sedes desde Barcelona-1992. E os Jogos espanhóis nem mesmo podem ser usados como parâmetro, já que a Olimpíada de Los Angeles-1984, que serviria como base de comparação, foi marcada pelo boicote soviético.

“Fizemos a melhor preparação que poderíamos fazer. Trabalhamos para oferecer as melhores condições para técnicos, atletas e confederações. Oferecemos aclimatações para algumas modalidades, como o judô em Sheffield, a ginástica na Bélgica. Mas aqui não é como uma bolsa de valores. Se todo mundo ganha, para onde vai esse dinheiro? Alguém tem que perder. Às vezes os resultados dos campeonatos mundiais não representam a realidade dos Jogos Olímpicos, por uma série de fatores”, justifica Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Organizador dos Jogos do Rio-2016.

Em três das cinco últimas Olimpíadas, as sedes experimentaram ao menos 50% de aumento no total de medalhas conquistadas já nos Jogos anteriores aos que sediaram. A Austrália, de Sydney-2000, cresceu 52% já em Atlanta-1996. A Grécia, 62,5% de 1996 para 2000. O caso mais emblemático é o Reino Unido, que ganhou 57% de Atenas-2004 a Pequim-2008 – e ainda terminou sua Olimpíada em terceiro lugar, com 65 medalhas, 18 a mais do na China.

“A grande diferença entre eles (Reino Unido) e a gente é que estão na terceira Olimpíada. E vêm fazendo um trabalho de investimento há pelo menos 16 anos. Se a gente continuar nesta crescente de investimentos, vamos chegar num patamar como este aí. Mas não vai ser em 2016 ainda”, avisa Marcus Vinícius Freire, superintendente do COB.

Fora da curva, EUA e China também mostram números melhores do que os brasileiros. Mesmo já sendo potência, EUA aumentaram 15% seu número de medalhas de 1988 para 1992. A China foi a única sede que cresceu menos que o Brasil: como já tinha dado um salto de 78,5% de Seoul-1988 para Barcelona-1992, o crescimento se manteve baixo até os Jogos de Pequim. Foram 6,7% de 2000 para 2004.

Além disso, a idade dos medalhistas brasileiros em Londres-2012 também preocupa. A média dos medalhistas é de 26,4 anos. Mas ao excluir o futebol, que tem limite de idade, esse número sobe para 28,8. Isso quer dizer que o Brasil chegará com uma geração trintona de medalhistas para sua Olimpíada.

Para aumentar ainda mais a pressão sobre o Brasil na preparação para o Rio-2016, existe ainda a colocação dos países sede em seus Jogos. Pós-boicote, o único país que ficou fora do top-6 em sua Olimpíada foi a Grécia, 15ª em 2004. Todos os outros estiveram entre os melhores: Reino Unido em 3º em 2012, China em 1º em 2008, Austrália em 4º em 2000, EUA em 1º em 1996, Espanha em 6º em 1992 e Coréia do Sul em 4º em 1988.

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